Início Plantão Brasil SSP investigará agressão de PMs a repórter do "Lance!"

SSP investigará agressão de PMs a repórter do "Lance!"

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) abriu inquérito na última segunda-feira (1/12) para investigar as agressões e ameaças de policiais militares ao repórter Bruno Cassucci, do Lance!. Ele foi agredido enquanto trabalhava na cobertura de uma briga de torcidas após o jogo entre Santos e Botafogo, na tarde do último domingo (30/11), na Vila Belmiro.

 

Crédito:Reprodução
Polícia nega agressão e jornalistas criam abaixo-assinado pedindo punição aos agressores de Bruno Cassucci
 
 
Segundo o G1, o responsável pela operação da PM na partida negou as acusações. A SSP-SP informou que, caso o relato do jornalista seja confirmado, os policiais terão de responder legalmente por abuso de poder. Cassucci tentou registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) na última segunda-feira (1/12), numa delegacia de São Paulo (SP) mas, como o “sistema caiu”, ficou de voltar nesta terça (2/12).
 
 
 
 
“A Secretaria de Segurança Pública não tolera a prática de abusos por policiais. Um inquérito policial militar (IPM) foi aberto para apurar os fatos relatados pelo jornalista Bruno Cassucci. Se ficarem comprovadas as afirmações do repórter, os policiais serão punidos na forma da lei”, diz a nota do órgão.
 
 
 
Petição
Após o relato de Bruno, jornalistas esportivos organizaram uma petição online para pedir que os policiais que o agrediram sejam punidos. “É obrigação da Polícia Militar identificar e punir todos os policiais envolvidos nesta ação, que envergonha todas as pessoas que lutam para o livre exercício do jornalismo”, diz um trecho do texto.
 
 
 
Os repórteres, que também trabalham na cobertura diária do esporte, destacaram a violência frequente dentro e fora dos estádios e pontuaram a importância da liberdade para o exercício do jornalismo.
 
 
 
“Também não queremos generalizar e temos certeza que a ação de alguns policiais não representa a Polícia Militar e que o Comando tomará atitudes para que isso não manche o nome da corporação. No aguardo de que todos os envolvidos sejam identificados e que as medidas cabíveis tomadas para que tais abusos jamais ocorram contra outros jornalistas”, acrescenta a nota.
 
 
 
O caso
A tensão teve início quando torcedores do Santos tentaram invadir a rua onde estavam os botafoguenses, que também partiram em direção ao time. Durante a briga foram arremessadas bombas, pedras e paus. Mais tarde, o confronto passou a ser entre a PM e os santistas. A sede da organizada Sangue Jovem, na rua Paisandú, ao lado do estádio, foi invadida e várias pessoas ficaram feridas.
 
 
 
Bruno Cassucci foi detido, revistado e agredido sob a mira de uma arma quando tentava se aproximar do local para regitrar o incidente. Um policial pegou o celular e apagou todas as imagens, enquanto o colega pegou uma bomba de efeito moral, colocou dentro da calça dele e ameaçou liberá-la. Em seguida, o PM solicitou um documento do jornalista, que foi liberado dez minutos depois com a condição de que não retornasse. 
 
 
 
Em seu perfil no Facebook, ele relatou o episódio que classificou como “o pior dia” de sua carreira jornalística e “um dos piores” da sua vida. “Escrevo aqui não para fazer juízo de valor, nem generalizar uma classe que sei que é mal paga, mal equipada e que deveria servir a uma sociedade que em boa parte lhe detesta. Como jornalista, acredito que não há opinião sem informação, e é por isso que venho aqui relatar o que vivi na tarde desse domingo”, justificou.
 
 
 
O jornalista conta que no momento em que o PM apagava as imagens que registrou, uma outra autoridade pediu que ele não olhasse para trás. Instintivamente, ele desobedeceu a ordem e foi agredido no rosto. Carsucci tentou argumentar mais de duas vezes que estava apenas exercendo seu trabalho, mas não adiantou. 
 
 
 
Um outro oficial se aproximou e disse que ele estava ali para “defender torcedor” e que a imprensa apenas mostrava quando a polícia bate “nesses caras”. “A minha intenção era exatamente outra, ouvir algum responsável pela operação para tentar entender o que estava acontecendo”, alegou.
 
 
 
“Saber que todos os dias abusos desse tipo e outros muito piores acontecem com gente que não sabe ou não tem como se expressar é o que preocupa. Sei de todos os privilégios que tenho por ser branco, não viver na periferia e ter tido a oportunidade de estudar. Se passo por situações como essa, com certeza há quem viva coisa muito pior diariamente”, finalizou.
 
 
 
Entidades repudiam violência e cobram punição
O Diretor Regional do Sindicato dos Jornalistas de Santos, Carlos Ratton, encaminhou um ofício ao coronel PM Ricardo Ferreira de Jesus, Comandante do 6º. BPMI – SP, para pedir providências contra os policiais envolvidos. “Isso é um absurdo e não pode acontecer novamente”, declarou à IMPRENSA.
 
 
 
“Diante de toda essa atrocidade, dessa falta de preparo, dessa afronta à cidadania, ao trabalho e a dignidade humana, exijo a punição de todos os policiais que abordaram o jornalista Bruno Cassucci de Almeida, que em visita ao batalhão poderá identificar um por um. Na certeza que esse Comando tomará uma atitude contra esses péssimos exemplos de policiais militares”, diz um trecho do ofício.
 
 
 
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) diz que a violência empregada contra o repórter é “injustificada e inaceitável, além de um grave atentado à liberdade de expressão”. A entidade também afirma que o episódio é “característico de contextos autoritários”.
 
 
 
Também em nota, o diretor executivo da  Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, classificou a ação como “vergonhosa”. A entidade ressaltou o despreparo da PM e cobrou uma punição aos policiais responsáveis pela “agressão à liberdade de expressão”.
 
 
 
Já o presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp), Luiz Ademar, colocou-se à disposição de Bruno Cassucci. “Assim como lutamos para afastar do futebol os torcedores violentos, também não vamos tolerar policiais violentos tentando proibir um jornalista de cumprir a sua função.”
 
 
 
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