Por Joyce Pimentel*
Defensor da dona de casa que confessou ter matado o marido a facadas, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, no último final de semana, o advogado Mário de Oliveira Filho entrou com um pedido para suspensão da cremação do corpo do empresário Renato Biasotto Mano Júnior, de 52 anos. O advogado também solicitou a revogação do mandado de prisão temporária expedido pelo Plantão Judiciário contra a dona de casa Alessandra Ramalho D`Avila Nunes, 35.
— A intenção é solicitar novas perícias para conferir o teor alcoólico e reunir outros elementos. Algo de muito grava aconteceu que ela (Alessandra) teve que agir de maneira grave. Matar uma pessoa é crime, mas matar em legítima defesa não é. Essa prisão é tão absurda que não se sustenta. Para prender tem que haver necessidade, e ela não é uma criminosa. É uma dona de casa, mãe de família. Sempre tomou a postura de tentar resolver os problemas dentro de casa, mas queria a separação e o marido não aceitava. O pedido de separação já tinha sido preparado por uma advogada e seria despachado essa semana — revelou Mário Filho.
O advogado criticou o fato do pedido de prisão ter sido feito levando-se em conta a dupla nacionalidade da de Alessandra.
— Ela nasceu nos Estados Unidos, em 1974, e viveu lá seus três primeiros anos de vida. Depois, não voltou mais. Não tem parentes ou amigos lá. Nem inglês ela fala. Sei que vai cair a prisão porque ela é ilegal. É uma ordem que não se sustenta. Não entendo por que tenho que manter alguém preso durante cinco dias quando todos os laudos periciais já foram feitos e ficaram prontos — declarou o delegado, que esteve ontem no 3º Tribunal do Júri, onde despachou os pedidos
Delegado responsável pelo caso não acredita em legítima defesa
Além da revogação do mandando de prisão temporária e da suspensão da cremação do corpo do empresário, o advogado também solicitou uma perícia sobre o teor alcoólico no sangue da vítima e uma análise química em suas vísceras, para verificar a existência ou não de substâncias entorpecentes, além de requisitar a fita das imagens gravadas pelas câmeras da 15ª DP (Gávea) no período compreendido entre às 5h30 e às 7h do dia 13.
— Ela esteve naquela delegacia para registrar o caso. Não foi atendida porque havia uma fila de atendimento e ela não podia esperar, pois o menino chorava muito. Emergência de mãe é salvar o filho — ressaltou o advogado, que entregou uma cópia do mesmo documento ao delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Carlos Augusto Nogueira Pinto.
No entanto o delegado informou que tentará realizar todos os pedidos para que no futuro o advogado de Alessandra não diga que o trabalho da defesa foi obstruído.
— Tenho elementos que me fazem acreditar que não foi legítima defesa. Essa é uma tática da defesa da acusada. Posso constatar que não acredito em legítima defesa, mas sem ser definitivo — disse Carlos Augusto.
O delegado informou ainda que o filho do casal, um menino de cinco anos, poderá ser ouvido.
— Para mim essa criança não estava presente, mas a gente tem que verificar. Há a possibilidade de ouvirmos a criança, mas isso será analisado mais pra frente. A Alessandra já foi indiciada por homicídio simples e fiz um aditamento mudando essa tipificação para homicídio qualificado, depois que ouvi relatos que me fizeram crer que o crime foi praticado por motivo desprezível. Acreditamos que os motivos tenham sido ciúmes e desavenças anteriores, inclusive discussão sobre partilha de bens — disse.
Carlos Augusto informou ainda que o pedido da suspensão da cremação do corpo da vítima já havia sido atendido.
— O pedido de novas perícias está sendo analisado, pois o IML já liberou o corpo. Apesar disso, as buscas continuam. A declaração feita pelo advogado de que ela não seria localizada foi uma declaração infeliz, mas não posso nem culpá-lo, pois ele é de São Paulo e não conhece a Polícia do Rio — finalizou.
Ré confessa ter brigado com o marido pouco antes do crime
O crime ocorreu no interior do apartamento onde o casal morava há seis anos, no condomínio Ocean Star, localizado na Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca, na madrugada do último sábado. Os dois haviam passado a noite de sexta-feira com um casal de amigos, em um jantar comemorativo ao Dia dos Namorados.
O delegado Carlos Augusto Nogueira contou que uma briga teria ocorrido um pouco antes da dona de casa entrar no site de relacionamentos Orkut.
— Ela acessou o site às 5h30min. Meia hora antes, segundo depoimento do casal de amigos, o Renato havia ligado para o engenheiro. No entanto, ele estava dormindo e quem atendeu a ligação foi sua esposa. Ela disse que a vítima falou "tô com um probleminha aqui" e depois desligou. Pelas imagens gravadas pelo circuito interno do prédio, foi possível ver que a Alessandra saiu com o filho, às 5h50min — relembrou.
* repórter especial AIB – [email protected]
Fonte: AIB