Início Plantão Rio Novos policiais assumem a UPP do Pavão-Pavãozinho

Novos policiais assumem a UPP do Pavão-Pavãozinho

Na próxima quarta-feira 23/12), o governador Sérgio Cabral vai inaugurar a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nas comunidades de Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio, ocupadas por forças do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar desde o dia 30 de novembro. Os 299 policiais militares que se formaram, neste domingo, com a presença do governador, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, em Sulacap, Zona Oeste, serão alocados nesta nova UPP, sob o comando do capitão Leonardo Nogueira, de 35 anos.

No mesmo dia, segundo Cabral, forças policiais começarão a ocupar mais duas comunidades da Zona Sul: Cabritos e Tabajaras. O plano do governo do estado é pacificar 100 comunidades até o fim do atual governo. Para isso, mais de três mil novos policiais serão formados somente no primeiro semestre do ano que vem. Neste mesmo período, as UPPs chegarão à Zona Norte da cidade, garantiu o governador.

– Temos uma estratégia. Terá UPP na Zona Norte, isso eu posso garantir. Terá UPP na Zona Norte no primeiro semestre de 2010. Onde, isso eu não posso dizer ainda – despistou Cabral.
Na cerimônia de hoje, Cabral entregou o diploma para Alan Valvano Martins, primeiro colocado da turma, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para o segundo lugar, Marcos José Martins da Costa, e o comandante geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, para o terceiro, Anderson Cunha. Os demais receberam o certificado de parentes e amigos. Alan entregou um buquê de flores à mãe do patrono da turma, o policial Robson Leão de Carvalho Vicente, morto em serviço.

– Eles tiveram toda uma orientação de relacionamento comunitário, de entender essas pessoas que estão lá, em uma área carente ao lado de uma área privilegiada, para os padrões brasileiros, Copacabana e Ipanema. Eles são protagonistas de um novo momento, são os agentes da tranqüilidade daquelas pessoas pra que possam viver em paz e buscar sua felicidade pessoal sem o jugo do poder paralelo. A postura hoje é completamente diferente. A gente já sente nas outras Unidades de Polícia Pacificadora, uma postura de interação, de entender aquela comunidade, de ajudar… Eu sempre digo que isso não tem nada a ver com desordem, essa falsa contradição entre direitos humanos e ordem pública. A UPP é o grande sinônimo de tudo que eu sonhei, de mostrar que é possível ordem pública com direitos humanos – conceituou o governador.

Esta foi uma das turmas mais qualificadas dos últimos concursos públicos feitos pelo governo do estado. Dezessete por cento possuem curso superior. A média de idade é de 27 anos, com 22% residentes na Zona Oeste e 7% na Zona Sul. Única mulher entre os 299, Carla de Lima, 27 anos, formada em turismo, disse que seu sonho mesmo era ser policial, por isso mudou de profissão. Abraçou tanto a carreira que inicia em janeiro o curso de pós-graduação em segurança pública.
– É um desafio para mim mostrar que a mulher tem capacidade tanto quanto os homens para desempenhar o papel de policial militar. Vou procurar dialogar com a comunidade e contribuir para que nossa imagem mude diante da sociedade – planeja Carla.

O primeiro colocado, Alan Valvano Martins, 28 anos, ex-metalúrgico, obteve a nota de 9,38, mas ele procurou ressaltar o bom nível intelectual de todos os formandos.

– Minha colocação é fruto de muito trabalho e estudo. Mas, esta é uma turma que se colocou bem. A diferença de pontuação é muito pequena. A média está muito próxima de minha nota. São pessoas com um nível cultural excelente – classificou Martins.

É exatamente este o perfil do novo policial perseguido pelo governo do estado e que tem norteado o processo seletivo dos últimos concursos da PM, segundo o secretário de Segurança.
– Dos 30 mil inscritos, estão se formando apenas 299. Só a prova escrita eliminou 40% dos candidatos. Durante o processo de admissão, todos passaram por uma rigorosa pesquisa social. É, sem dúvida, uma tropa de elite – definiu Beltrame.

Valores esses que foram reforçados nas aulas do curso de formação policial, cujo modelo sofreu uma redefinição programática nos últimos anos para, além dos ensinamentos técnicos, valorizar noções de policiamento comunitário e de cidadania.

– A turma que se forma pode se orgulhar de ter vencido as etapas mais criteriosas e exaustivas da história da PM. Uma cidade cenográfica de 1,8 mil metros quadrados for erguida para reproduzir em aulas práticas de combate a realidade das ruas. O treinamento com armas de fogo foi intensificado. A grade curricular passou a incluir disciplinas como direitos humanos, psicologia, cidadania – detalhou o secretário.

Lotado no Comando de Polícia Comunitária (CPCom), o futuro comandante da UPP de Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, capitão Leonardo Nogueira, está confiante na nova missão. Além dos 299 novos policiais, ele contará com a ajuda de cerca de 80 policiais do Bope e de 40 sargentos, cabos e soldados de outros batalhões até a consolidação da UPP. Os novos policiais trabalharão em regime de escala – 50 pelo período de 12 horas –, sempre com o apoio de dez policiais mais experientes em cada turno.

– A gente conta com a força de vontade de um policial novo, sempre disposto ao trabalho. É um novo policiamento que estamos implantando e por isso precisamos de sangue novo, com nova postura diante da profissão e disposto a trabalhar com seriedade. As pessoas têm recebido bem a polícia, como tenho verificado ao caminhar pelas comunidades, e a gente tem procurado fazer com que a paz reine realmente – apostou o capitão, que vai entrar em contato com os futuros comandados em uma reunião programada para amanhã.

 

Fonte: Governo do Rio