Mais do que promover a prática do exercício físico, as técnicas do judô ajudam na inclusão social de crianças e jovens com necessidades especiais. Realizadas no 2º Batalhão da Polícia Militar, em Botafogo, as aulas fazem parte do núcleo do projeto Rio 2016 e reúnem deficientes auditivos, ouvintes e alunos com outros tipos de deficiência. Ao todo, são cerca de 100 jovens atletas.
O dojô fica em Botafogo, mas atrai moradores do Catumbi, Copacabana e até da Ilha do Governador. O local também serve para o treinamento dos cinco bolsa-atletas apoiados pelo Governo do Estado. Em fevereiro, acontecerá uma seletiva em São Paulo para definir quem serão os representantes brasileiros para a Surdolimpíada 2013, que será realizada na Bulgária.
– O esporte é uma forma de inclusão social. E o judô agrega esta filosofia do respeito e da disciplina. Formamos mais que atletas. Formamos cidadãos com valores – explicou o professor de judô Eduardo Duarte, que criou em 2004 o projeto Valorizando as Diferenças (AVD), que integra o Rio 2016.
Um dos alunos da turma de judocas é Claudio Vinícius Ferreira, que tem 13 anos e é deficiente auditivo. Em 2000, foi atropelado, junto com sua mãe, por um ônibus e perdeu a audição em decorrência do impacto da batida.
Tânia Gonçalves Ferreira, de 33 anos, mãe de Claudio, conta que o filho ficava muito nervoso por não conseguir se comunicar com as pessoas, o que o tornava agressivo e impaciente. Ao saber que o professor do núcleo conhecia a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), não teve dúvida: matriculou Claudio no judô.
– Hoje, o Claudio está mais calmo e mais obediente. Até mesmo a professora da escola dele disse que o desenvolvimento é outro depois que ele entrou no judô – afirmou Tânia, que também destacou a convivência com as outras crianças como uma forma de estimular a vida social do filho.
Lucas Lins vai começar o quinto ano na escola e é um dos mais novos do grupo, com apenas 10 anos. Ele não apresenta nenhuma deficiência e interage bem com os colegas de quimono, mostrando que o esporte supera qualquer preconceito.
– Aqui eu treino minhas habilidades e faço muitos amigos – disse Lucas.
Outro beneficiado pelo projeto especial do Rio 2016 é Guilherme Martins de Andrade, de 23 anos. Portador de síndrome de Down, o jovem superou a dificuldade em se comunicar e, agora, consegue se expressar através dos sinais aprendidos com os deficientes auditivos.
– Meu filho tinha medo de tudo. Agora ele está mais ativo – contou o pai de Guilherme, Jorge.
O projeto Rio 2016 é um programa sócio-esportivo da Secretária de Esporte e Lazer e atende cerca de 200 mil pessoas em mais de 700 núcleos espalhados pelo estado. O judô está presente em 40 núcleos.
Governo do Rio