Por Joyce Pimentel*
As polícias Civil e Militar deram ontem mais um duro golpe no bolso das milícias que atuam na Zona Oeste da cidade. Em ação que mobilizou agentes de diversas delegacias, policiais apreenderam quase 600 máquinas caça-níqueis instaladas entre os bairros de Santa Cruz, Cosmos, Santíssimo e Campo Grande. Policiais do 27º BPM (Santa Cruz) e do Regimento de Cavalaria Enyr Cony dos Santos (RCECS) apreenderam 176 máquinas caça-níqueis e a Polícia Civil outras 400 nos bairros de Santa Cruz, Bangu e Campo Grande.
A ação é um complemento da Operação Têmis, deflagrada no começo do mês e que desarticulou parte do esquema que gera lucro aos milicianos. Na ocasião, foram fechados depósitos de gás, centrais de aluguel de sinal pirata de TV por assinatura (gatonet) e veículos foram apreendidos.
— Mais uma vez estamos enfraquecendo o lado financeiro que sustenta essas quadrilhas — disse o chefe do Departamento de Polícia da Capital, Ronaldo Oliveira.
Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o crescimento da ilegalidade é fruto de um longo período de abandono pelo estado.
— De certa forma, estamos enxugando gelo, mas porque o estado abandonou muito tempo a Zona Oeste — disse.
Beltrame justificou o foco da operação ontem em máquinas caça-níqueis afirmando que estes dispositivos se tornaram um braço importante nos rendimentos da milícia, que estariam se aliando a contraventores para ampliar seus domínios. Mais quatro kombis e três motos foram apreendidas. Cinco carros foram lacrados e 15 multas aplicadas. Desde o início da Operação Têmis já foram apreendidos 118 veículos em situação irregular. Ainda ontem, o policial militar Eduardo Zucoloto, conhecido como Eduardo Caveira, se entregou à Justiça.
Máfia italiana
Em entrevista ontem a uma emissora de TV, o deputado estadual e integrante da CPI das Milícias da Alerj, Marcelo Freixo comparou a organização dos grupos paramilitares aos mafiosos italianos.
— São embriões de máfias, organizações que às vezes passam por famílias, núcleos familiares e que dominam territórios. E o que mais se aproxima do projeto mafioso: eles têm o projeto de poder. Eles tem o desejos de ocuparem os espaços públicos, falam em nome da ordem — disse Freixo.
As máquinas apreendidas ontem foram encaminhadas para o depósito da Receita.
Família Jerominho: Testemunhas de defesa depõem em Campo Grande
A juíza Alessandra de Araújo Bilac, titular da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, ouviu nesta segunda-feira, três testemunhas de defesa do processo em que o exvereador Jerônimo Guimarães Filho, seu filho Luciano Guinâncio Guimarães, Leandro Paixão Viegas, o Leandrinho Quebra-Ossos, e Alcemir Silva, o Fumão, respondem por extorsão.
No início da audiência, o defensor público que representa Leandro e Alcemir pediu a nulidade dos atos processuais realizados após a distribuição da ação e o relaxamento da prisão de todos os réus por não concordar que o processo tenha ido para a 1ª Vara Criminal por ser conexo a um outro sem que tenha havido uma distribuição. O referido processo é por formação de quadrilha a que responde a chamada Liga da Justiça.
A juíza, porém, indeferiu os pedidos. De acordo com a denúncia do Ministério Público, desde 2005 os quatro acusados reuniram- se com o objetivo de, entre outras práticas, extorquir motoristas e cooperativas de transportes alternativos de passageiros que atuam na Zona Oeste. Na época, Juarez Marcelino Dutra, dono de dois veículos de transporte alternativo, acusou Alcemir de tê-lo constrangido a pagar R$ 44 por dia para continuar circulando. A denúncia diz ainda que Juarez foi várias vezes à Polícia, dizendo-se vítima de extorsão e de ameaças de morte, o que acabou acontecendo em agosto de 2005, quando ele foi morto, supostamente, pelos acusados.
O primeiro a depor foi o delegado da Draco, Cláudio Ferraz. Ele disse que pegou o processo já em andamento e elaborou o relatório final, que foi encaminhado ao MP. O delegado falou ainda que a investigação concluiu que Alcemir era o responsável por fazer as extorsões e os outros trabalhavam "fazendo pressão". O segundo depoimento foi do policial Marco Antonio Pires, que afirmou ter sido chamado uma vez por Juarez, que estava discutindo com Alcemir e dizendo que o mesmo estava tentando extorquilo. Ambos foram levados para a 25ª delegacia, onde prestaram depoimentos.
Marco Antonio falou, ainda, que Juarez costumava fazer falsas denúncias, que depois acabava retirando, tendo uma vez denunciado ao próprio depoente e retirado a queixa dias depois. O policial Roberto Mendes Pereira, o terceiro a depor, foi quem pegou o depoimento de uma testemunha no dia do fato. Como três testemunhas convocadas pelo MP faltaram, a juíza marcou para o próximo dia 13 de julho, às 11 horas, a continuação da audiência, onde devem ser ouvidas mais três testemunhas de defesa e cinco de acusação.
* repórter especial AIB – [email protected]
Fonte: AIB