Mais de 5 milhões de estudantes deram neste sábado (5/11), o primeiro passo para a realização de um sonho, ingressar no Ensino Superior através das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para os estudantes Raphael Valladares, Liversson Souza e Thaís da Conceição, pacientes Hemorio, passar nessas provas tem um gosto especial, o da superação.
Desde criança, Rafael, de 17 anos, realiza o tratamento da hemofilia no instituto. A recente internação surpresa fez com que ele tivesse que prestar o exame, no leito do hospital. A intenção do jovem é conquistar uma vaga na UERJ ou UFRJ, na área de Direito.
– Tive uma lesão no músculo do abdômen e o meu período de internação coincidiu com o da data da prova. As questões estavam fáceis, as mais complicadas foram as de história que a gente tinha que ler mais. Minha família me dá muita força, tanto no tratamento, quanto para seguir a carreira no Direito. Isso é muito legal. Todos nós temos as nossas dificuldades e a gente têm sempre que procurar vencê-las – conclui o estudante.
O Ministério da Educação autoriza o atendimento diferenciando para estudantes em classe hospitalar a fim de evitar o deslocamento e o esforço excessivo desses pacientes. O pedido é feito no ato da inscrição e também auxilia idosos, gestantes, mulheres em período de amamentação e deficientes.
Liversson é outro exemplo de superação. Desde que foi diagnosticado com leucemia, em 2010, faz o tratamento na unidade com determinação e força de vontade, apoiado pela mãe Nélia Paula. O exame foi para psicologia e, na expectativa de boa colocação, anda vai escolher a faculdade que deverá ingressar.
– Eu nunca tinha feito uma prova deste jeito. Quero fazer psicologia. Não estudei o bastante como gostaria, já que é mais difícil estudar quando estamos internados, porque às vezes temos que atender aos procedimentos médicos. Essas dificuldades fazem a gente nunca desistir. Tive, por exemplo, problemas no pulmão devido à baixa imunidade, mas nada me desmotivou para a prova, por isso estou esperançoso – admite o jovem de 17 anos.
Thaís também tem uma história parecida, foi diagnosticada com leucemia, e se viu obrigada a abandonar o pré-vestibular que cursava. Também pretende seguir a carreira de psicóloga, e se passar será a primeira universitária da família.
– Ano passado eu fiz só para testar e tirei uma nota razoável. Tive duas internações consecutivas, mas estou me preparando há pouco mais de um ano e acho que vou conseguir. Estou tentando a UFF e depois quero passar em um concurso para as Forças Armadas. Sempre quis entrar para a Marinha ou Aeronáutica. Servir ao país é um trabalho muito bonito e eu não vou desistir do meu sonho. Quero me dedicar aos estudos, para futuramente formar uma família e seguir minha carreira como psicóloga – explica a estudante.
A primeira etapa, com 90 questões, foi composta pelas provas de Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia), e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia). Neste domingo (4/11), os candidatos fazem as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Matemática. O tempo de prova é de 4h30.
Fonte: Governo do Rio