Com o objetivo de estimular o diálogo com jovens maiores de 13 anos das redes pública e privada de ensino do Estado do Rio, o programa Papo de Responsa tem estreitado laços com meninos e meninas de diferentes classes sociais para tratar de temas como o uso de entorpecentes e a cultura da paz.
A iniciativa, que atualmente é realizada por uma equipe de dez policiais civis com diversas formações acadêmicas, já está sendo replicada pela Polícia Civil do Espírito Santo. Coordenado pelo policial Beto Chaves, de 39 anos, o Papo de Responsa é vinculado à Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e tem sede na Cidade da Polícia, no Jacarezinho.
D.O. Notícias – Como surgiu a ideia de criar o programa ?
Beto Chaves – Em grande parte da minha carreira como policial trabalhei em funções operacionais. Quando vi jovens traficando e morrendo, percebi que era preciso atuar em outras frentes. Dentro de mim havia uma inquietude imensa e por isso me juntei com a policiais para trabalhar no Papo de Responsa.
D.O. Notícias – Como você define o programa?
Chaves – Somos muito menos um programa de aproximação da polícia com a sociedade e vice-versa e mais um programa de aproximação de pessoas com pessoas. O que fazemos todos os dias é relacionamento humano. Trabalhar com a juventude não é algo simples. É uma construção de conhecimento compartilhada que se dá em etapas.
D.O. Notícias – Quais são essas etapas?
Chaves – Em um primeiro momento, conversamos com a direção pedagógica da escola para alinhar as expectativas e entender em que tipo de contexto aqueles jovens estão inseridos. Depois, falamos com os professores para explicarmos a metodologia e pedir licença para trabalharmos com os alunos. Nas etapas seguintes, atuamos com os estudantes e também com seus responsáveis.
D.O. Notícias – Como funciona a atuação com os pais?
Chaves – Antigamente, a escola e a família eram parceiras. Hoje, isso se tornou mais difícil. O processo de educação é interdisciplinar e é preciso incluir os pais no diálogo com estes jovens. Uma conversa ajuda também a provocar os pais em diversos temas. E nos faz entender como a informação sobre o programa chegou à família. Isso é um grande feedback para nós.
D.O. Notícias – Como são trabalhados os temas uso de drogas, segurança pública, crimes na internet, direitos humanos, cultura de paz, bullying e cyberbullying?
Chaves – Estamos o tempo todo provocando os jovens para que a conversa se estabeleça. Queremos entender quem é este aluno, abrir o diálogo. Às vezes, o assunto é uso de drogas, mas está relacionado à baixa autoestima, por exemplo. E estes assuntos são temáticas importantes no contexto da juventude. Usamos estes temas para falar da existência humana e de como nossas atitudes influenciam os nossos destinos.
D.O. Notícias – Quais resultados foram obtidos em 2015?
Chaves – No ano passado, mais de 39 mil pessoas foram alcançadas pelo programa Papo de Responsa. Atendemos a 30 municípios fluminenses e 1.428 pessoas visitaram o projeto na Cidade da Polícia. Fizemos 157 reuniões pedagógicas com a presença de 595 diretores, coordenadores e orientadores pedagógicos e 113 Papos de Responsa com docentes, totalizando 3.532 professores. Foi um ano muito produtivo.
D.O. Notícias – A importância da iniciativa já é reconhecida por outros estados?
Chaves – Com certeza. Estamos replicando a metodologia do programa na Polícia Civil do Espírito Santo. Isso mostra que estamos abrindo fronteiras e que nosso trabalho poderá atender cada vez mais jovens e em todo o Brasil.