Defendendo o lema “Coração não tem preconceito. Tem amor”, lésbicas, gays, bissexuais, travestis coloriram a orla de Copacabana e fizeram um carnaval fora de época neste domingo durante a 17ª Parada do Orgulho LGBT Rio – 2012. Além de lutar contra a discriminação, os participantes aproveitaram os serviços gratuitos oferecidos em diversas tendas, como vacinação contra hepatite B e orientação jurídica pela Defensoria Pública. O movimento “Veta Dilma!”, em defesa dos royalties, também foi lembrado no evento.
À frente dos quinze trios elétricos, o Secretário de Ambiente, Carlos Minc, anunciou à multidão que o Rio continua se empenhando para punir o preconceito contra homossexuais e, por isso, o governador Sergio Cabral vai apresentar, na próxima semana, a lei que pune estabelecimentos comerciais que discriminarem clientes em virtude da sua orientação sexual. A Lei Estadual 3406/00, de autoria do então deputado Carlos Minc, foi derrubada pelo Tribunal de Justiça em 1º de outubro deste ano, que declarou vício de iniciativa, ou seja, a autoria deveria ser do executivo e não do legislativo. – O governador vai reapresentar a lei e o Rio voltará a ter uma lei tão importante de combate à homofobia.
Venho à parada desde a primeira edição e, desde então, tivemos muitos avanços por causa dessa iniciativa, como o reconhecimento da união estável entre casais do mesmo sexo. Agora falta criminalizar a homofobia – afirmou Minc. Cláudio Nascimento, superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos e coordenador do programa estadual Rio Sem Homofobia, destacou que a parada vai além de uma festa. – A parada fala com a sociedade como um todo, traz serviços de cidadania e também estimula a comunidade gay a conhecer e buscar seus direitos. A presença do Rio Sem Homofobia no evento reforça o papel de protagonista do Governo do Estado no combate à homofobia – afirmou Nascimento, que aproveitou a oportunidade para tomar a primeira dose da vacina contra Hepatite B.
Além de distribuir material informativo sobre o programa, uma equipe do projeto orientava os participantes sobre seus direitos. Em parceria com a Universidade Estadul do Rio de Janeiro (Uerj) o Governdo do Estado aproveitou a presença na festa para aplicar a pesquisa “Mobilização, violência e políticas LGBT”. Além de traçar o perfil detalhado dos frequentadores do evento, o levantamento tem o objetivo de identificar o nível de conhecimento dos homossexuais sobre os serviços de atendimento e políticas públicas a eles, seus amigos e familiares. Heterossexuais em defesa contra a homofobia Considerada a terceira maior festa da cidade, a Parada LGBT reuniu também heterossexuais de idades variadas. Casado e pai de duas filhas, o comerciante Milton Estevo, de 51 anos, se travestiu de “Rainha do Silicone” para expressar seu apoio aos homossexuais. Com bota plataforma colorida de cano alto, colã listrado, peruca loira e grandes seios de borracha, o comerciante chamava a atenção dos participantes. – Sou muito bem resolvido com a minha sexualidade. Criei esse personagem para distrair as pessoas e mostrar que a homofobia não está com nada e todos merecem ser felizes – defendeu Estevo.
Em visita à Cidade Maravilhosa, a pernambucana Elaine Cristina de Lima, de 27 anos, entrou em meio aos trios e parou na tenda da Secretaria municipal de Saúde para tomar a vacina contra a Hepatite B. – Sou hetero e acredito que uma mobilização como essa é importante para conscientizar as pessoas – opinou. Policiais receberam treinamento específico para atuar durante o evento Policiais militares e civis que trabalham na área de Copacabana receberam, durante a semana, um treinamento específico para abordar homossexuais. Todas as instruções foram passadas pelo coordenador do Programa Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento, no 19º BPM (Copacabana).
De acordo com ele, a iniciativa, batizada de “Rio sem homofobia e com mais segurança”, é um grande marco na história da cidade: – Foi a primeira vez que este tipo de orientação aconteceu. Esta ação servirá para que tenhamos todo um cuidado na abordagem desta identidade LGBT. Sabemos que Copacabana é um bairro onde tem uma grande concentração deste público e que todo ano tem a parada [LGBT] também. Os policiais não vão fazer nada de diferente, apenas saberão abordar este público e coibir qualquer tipo de excesso, como acontece também com o público heterossexual. O importante é ter respeito à diversidade e aos direitos humanos – explicou Nascimento.
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