Imagem da reportagem sobre mães adolescentes do programa “Caminhos da reportagem”, da TV Brasil.
Foto: Divulgação / O Globo
Uma pesquisa feita pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) com mais de 700 adolescentes entre 15 e 19 anos indicou que, das 94% jovens que conhecem o método contraceptivo, cerca de 60% já recorreram à pílula do dia seguinte uma vez na vida. Especialistas responsáveis pelo estudo analisaram o resultado considerando o lado positivo do uso da pílua, indicando que as jovens estão preocupadas com sua vida sexual ativa, prevenindo uma gravidez indesejada.
— É uma temeridade que as mulheres recorram à pílula do dia seguinte sem acompanhamento médico. Ela é um método de emergência e seu uso indiscriminado pode ter consequências graves para a saúde das jovens, podendo inclusive não produzirem o efeito anticoncepcional esperado — alerta o Dr. Silvio Silva Fernandes, vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro.
A pesquisa aponta que o principal motivo para o uso do método emergencial é a insegurança de não ter usado outra ferramenta contraceptiva de forma adequada (31%); em segundo lugar ficou o esquecimento do uso de outro método (27%); e o terceiro motivo mais citado foi a falha de outro recurso utilizado (20%).
Para o ginecologista Silvio Fernandes, é importante que as mulheres, em qualquer dos três casos citados, não decidam sozinhas pela uso da pílula do dia seguinte. A recomendação é que o médico seja consultado, seja por telefone ou em emergências ginacológicas. Segundo ele, apenas o especialista pode interpretar a real necessidade do uso da medicação e esta medida ajuda a mulher a entender que este método não é um artifício corriqueiro.
— A contracepção é um processo que deve ser refletido porque atinge não só a mulher, mas o homem e o possível filho. É possível encontrar as pílulas nos postos de saúde e comprá-las sem qualquer recomendação médica nas farmácias e isso faz com que a medicação pareça inofensiva, mas não é — afirma o médico.
O estudo aponta que a farmácia é o local onde as jovens mais procuram a pílula (74,6%) em relação às unidades de saúde do SUS (cerca de 7%).
Verdades sobre a pílula do dia seguinte
O questionário da pesquisa a respeito do conhecimento da contracepção de emergência revelou que a maioria das adolescentes desconhece o funcionamento e o período de atuação da medicação. Segundo o trabalho, os amigos de dentro e fora da escola são a maior fonte de informação das jovens, que trocam entre si, mas não têm acesso às informações oficiais sobre a contracepção.
O ginecologista Silvio Fernandes fez então uma lista de verdades a respeito do método que devem ser difundidas entre homens e mulheres, jovens ou experientes.
1) Não deve ser ingerida antes da relação sexual
A pílula do dia seguinte é ferramenta a ser usada em casos de emergência. O método de prevenção para a gravidez mais eficaz é a pílula anticoncepcional associada à camisinha, que também oferece proteção para transmissão de doenças.
2) Deve ser tomada até 72h depois da relação sexual
O nome “pílula do dia seguinte” não significa que seja necessário esperar o dia seguinte para usá-la. A informação é que o quanto antes a medicação for tomada, maiores são as chances de garantir a sua eficácia, sendo 72h o prazo máximo.
3) Produz efeitos colaterais
O uso da pílula emergencial pode provocar enjoos, dores de cabeça, vômitos, aumento da sensibilidade mamária e mudança do ciclo menstrual.
4) Não é abortiva
— O aborto é uma intervenção no óvulo fecundado no interior do útero. Já a pilula do dia seguinte atua dificultando que a fecundação aconteça e são várias as tranformações que ela provoca — esclarece Silvio.
Ela é uma dosagem hormonal alta que cria mecanismos que dificultem o encontro do óvulo com o espermatozóide, como aumentar a espessura do muco da vagina, diminuir a mobilidade tubária e inibir a ovulação.
5) O uso progressivo provoca falhas
A alta dosagem hormonal da pílula usada regularmente provoca um período de falha, o que significa que a administração indiscriminada da medicação cria um contexto parecido com não usar nenhum método de contracepção.
— Eu diria que as mulheres devem ter a consciência dos males que essa medicação cria para o seu corpo e entenderem que ela deve ser evitada ao máximo. A recomendação é que procurem ajuda médica toda vez que acharem que devem usar a pílula. Só um especialista pode avaliar a real necessidade de tomar ou não — alerta o ginecologista.
6) Não se deve combinar a pílula anticoncepcional com a pílula do dia seguinte
Quando usada da maneira correta, a pílula anticoncepcional é um método suficientemente eficaz para evitar a gravidez. Em caso de falha no uso da pílula, o médico deve ser consultado. A dosagem de hormônio da pílula de emergência associada à da pílula comum pode provocar efeitos perigoso para o organismo.
7) Não se ser usado por mulheres que fumam
Nenhuma pílula anticoncepcional, seja ela emergencial ou não, deve ser usada por mulheres que fumam porque aumentam o risco de tromboses venosas. As pílulas de alta concentração são ainda mais perigosas para este tipo de reações.
Fonte: EXTRA ONLINE