A Secretaria de Segurança divulgou, na manhã desta quinta-feira (10/12), a primeira pesquisa de pessoas desaparecidas no Estado do Rio de Janeiro, realizada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Um dos pontos que mais chama a atenção foi a comparação entre desaparecimentos e homicídios e a constatação de não haver relação direta entre os 4.423 casos analisados e registrados pela Polícia Civil.
– A pesquisa desmistifica não só a questão da sub-notificação, mas outras que eram levantadas. A Secretaria tem interesse em fazer um trabalho transparente e prestar esclarecimentos à população, mas, para tanto, necessita de argumentos suficientes que lhe deem condições de trabalho e de ter informações cada vez mais concretas para decidir suas próprias ações na Secretaria de Segurança – observou o secretário José Mariano Beltrame em entrevista coletiva, ao lado do diretor-presidente do ISP, tenente-coronel Paulo Augusto Teixeira, e da coordenadora da pesquisa, Vanessa Compagnac.
Com base em uma amostragem de 456 casos (10% do banco de dados) de desaparecidos de 2007, o ISP chegou às seguintes conclusões: 71,3% dos desaparecidos haviam reaparecido vivos; 14,7% não reapareceram; 6,8% reapareceram mortos: 4,4% sem informação; e 2,9% a família informou não ter havido o desaparecimento.
– A necessidade dessa pesquisa era fundamental para o ISP como um dado estatístico e para toda a sociedade. Desaparecido, como constatou a pesquisa, na maioria das vezes retorna. Absolutamente, não podemos misturar pessoas desaparecidas com homicídios – alertou Beltrame.
Na pesquisa do ISP vale ressaltar que, dos 6,8% (31 casos) que reapareceram e estavam mortos, 18 foram casos de homicídios dolosos. Destes, 9 homicídios foram verificados nos registros de ocorrência da polícia civil. Outros cinco foram confirmados pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil e os demais (quatro) não possuem registro.
– O mais importante é que hoje o Rio de Janeiro tem uma pesquisa ampla, detalhada e abrangente sobre casos de pessoas desaparecidas e são justamente estas informações, as informações formais, que dão condições de a Secretaria de Segurança gerenciar suas ações. Aliás, ela pode orientar não só a Segurança, mas outras secretarias uma vez que agora existe um perfil do desaparecido. A partir dessas informações, o governo poderá estabelecer políticas de ação mais adequadas e discutir outras abordagens que o estado poderá dar à questão – explicou o secretário.
O ISP criou um perfil dos desaparecidos para explicar a motivação que os levou ou obrigou a fazer parte dessa estatística. As mais recorrentes foram: fuga, 17,4% dos casos; distúrbio mental veio em segundo lugar, com 15%; em terceiro surgiu a categoria causas violentas, com 12,9% e, por último a categoria motivações de lazer, que representou 12,3% dos casos.
O estudo mostrou ainda que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Capital, Baixada e Grande Niterói) foi a que mais concentrou os registros, com 75,4% do total, e o restante, 24,6%, no Interior.
Comparativamente, os homicídios dolosos são mais frequentes entre homens (81,8%) do que em mulheres (7,2%); e 10,9% dos dados foi de vítimas sem informação. Já em relação aos desaparecimentos, o percentual foi 61,6% homens e 38,4% mulheres.
Quanto à idade das vítimas de homicídios dolosos, foi possível observar que as maiores percentagens estão na faixa etária de 20 a 24 anos, com 13,6%; de 25 a 29 anos, com 12,8%; e de 30 a 34 aos, com 9,2%. Já com relação aos desaparecimentos, a concentração se dá nas seguintes faixas etárias: entre 15 e 19 anos, com 20,8% de 10 a 14 anos, com 12,4%; e de 20 a 24 anos, com 8,9%.
Fonte: Governo do Rio