No Dia Mundial de Luta contra a Homofobia, dia 17 de maio, em que se comemoram as conquistas e se reforçam as lutas da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), a Prefeitura do Rio lançou o projeto “Entre Famílias”. A iniciativa, da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS-Rio), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), consiste na realização de grupos de reflexão formados por familiares (pais, mães, avós, tios ou responsáveis) de cidadãos e cidadãs integrantes do segmento LGBT, que visam o acolhimento e o compartilhamento de experiências e situações de discriminação e preconceitos, dentro e fora do convívio familiar.
– O projeto nasceu da percepção de que algumas mães e pais já passaram, mesmo que com dificuldades, por um processo de aceitação da homossexualidade de seus filhos. Dividir estas experiências permite aos familiares lidar com suas histórias pessoais, pois é muito diferente conhecer uma situação e viver uma experiência em que seus filhos estão envolvidos. Esperamos, assim, contribuir para uma harmonia que sempre deve existir nas relações familiares – afirmou o coordenador da CEDS-Rio, Carlos Tufvesson.
Pioneiro no País, o projeto foi lançado no evento “Discutindo a LGBTfobia”, que aconteceu na FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso). O “Entre Famílias” tem como objetivo o fortalecimento das relações familiares em todos os seus aspectos, a fim de combater a LGBTfobia familiar, que assola tantos cidadãos não só no município do Rio de Janeiro, como por todo o país.
Inicialmente, os grupos de reflexão acontecerão aos sábados, no Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira, no Catete, com a perspectiva de ampliação para outras unidades. Cada grupo será coordenado por um psicólogo da SMS e os grupos serão abertos a todos e todas que se interessem pela luta LGBT. As primeiras reuniões estão marcadas para o mês de junho. As datas e formas de inscrição serão disponibilizadas no site da coordenadoria.
O maior objetivo desta iniciativa é criar um espaço de esclarecimento e suporte às famílias de cidadãos LGBTS, com objetivo de promover um convívio harmônico e pacifico no âmbito familiar e, consequentemente, diminuir os índices de violência nesse espaço, oriundas da não aceitação da orientação sexual e/ou identidade de gênero por parte de suas famílias.
No dia 17 de maio de 1990, há exatos 26 anos, a Organização Mundial de Saúde retirou, oficialmente, a homossexualidade do rol de doenças, reconhecendo que “a homossexualidade é um estado mental tão saudável quanto a heterossexualidade”. Desde então, comemora-se na data o Dia Mundial de Luta contra a Homofobia, com ações que reforçam as lutas da população LGBT.
Apesar desta conquista, ainda hoje, a aceitação por parte da família é um dos grandes desafios na vida de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Segundo dados do último Relatório Sobre Violência Homofóbica no Brasil, da Secretaria de Direitos Humanos, 61,9% das violações motivadas por LGBTfobia são operadas por pessoas conhecidas pela vítima, e, muitas destas violações ocorridas no âmbito doméstico tendem a ser invisibilidades, seguindo a lógica da inviolabilidade do lar.