A Prefeitura do Rio inaugurou, nesta segunda-feira (31/03), o Circuito da Liberdade com o descerramento de uma placa na Avenida Marechal Câmara, no Castelo, em homenagem a Lyda Monteiro da Silva – secretária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), morta após a explosão de uma carta-bomba no dia 27 de agosto de 1980. A iniciativa do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) criou um roteiro de lugares importantes para preservar a identidade e a memória carioca no âmbito da luta pela democracia e pela liberdade no contexto do regime de opressão. O lançamento marcou os 50 anos do golpe civil-militar ocorrido na madrugada de 31 de março para 1º de abrl de 1964.
O presidente do IRPH, Washington Farjado, explicou a importância de lançar o Circuito da Liberdade:
“Por mais que conheçamos essa história através dos livros, das revistas e dos documentários, é importante ocupar o espaço urbano assinalando os lugares onde ocorreram os fatos que marcaram a história da luta pela liberdade, fundamentais na construção da identidade de uma cidade. O Rio foi o epicentro da democracia. Por isso, a ideia é ampliar este circuito”.
O professor universitário e filho de Lyda Monteiro da Silva, Luiz Felippe Monteiro Dias, elogiou a iniciativa da Prefeitura do Rio:
“Ainda acredito na apuração desse atentado, afinal temos que escrever a nossa história. Agradeço a Prefeitura do Rio por essa homenagem à minha mãe que morreu quando eu ainda estudava Direito”.
Mais seis placas farão parte do roteiro inicial do Circuito da Liberdade. O comício realizado na Central do Brasil, que antecedeu o golpe, e o comício das Diretas Já, que mobilizou um milhão de pessoas no clamor pelas eleições presidenciais, serão lembrados. Os sindicatos dos metalúrgicos, em São Cristóvão, e o dos bancários, no Centro, serão sinalizados como importantes locais durante o golpe civil-militar. A Igreja de Nossa Senhora da Salete, no Catumbi, também está no roteiro por ser um local onde os perseguidos políticos e movimentos sociais realizavam reuniões. O escritório do advogado Sobral Pinto, que atendeu presos políticos, também integra o circuito.
Fajardo pediu apoio de moradores que tenham seus prédios escolhidos pelo levantamento histórico do instituto para a instalação de placas nas fachadas:
“Como precisamos de autorização de prédios e condomínios para instalar as placas, queremos sensibilizar os moradores para importância do circuito, caso seu imóvel seja escolhido. A colocação da placa não tem nada a ver com tombamento histórico”.
Além deste Circuito, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade conta com outros roteiros, como o da Bossa Nova, da Art-Déco, do Samba, do Cinema de Ruas, dos Bares Tradicionais, entre outros. O objetivo é criar um roteiro para os cariocas e turistas conhecerem locais importantes do patrimônio da cidade segmentado por temas.
CIRCUITO DA LIBERDADE
Lyda Monteiro da Silva
A funcionária da Ordem dos Advogados do Brasil morreu na antiga sede no dia 27 de agosto de 1980 ao abrir uma carta bomba.
Local: Av. Marechal Câmara, 210 – Centro
Sindicato dos Bancários
No 21° andar deste edifício ocorreram importante assembleias de mobilização social. Suas lideranças foram presas durante a ditadura civil-militar.
Local: Av. Presidente Vargas, 502 – Centro
Comício da Central do Brasil
Em 13 de março de 1964, João Goulart fez um discurso para 150 mil pessoas, um dos eventos que precipitou o golpe civil-militar.
Local: Praça da República – Edifício da Central do Brasil, na esquina onde foi realizado o comício
Comício das Diretas Já
Ao longo da Avenida Presidente Vargas, em 10 de abril de 1984, foi realizado um grande comício pelas eleições presidenciais diretas com a presença de um milhão de pessoas.
Local: Av. Presidente Vargas, 583 (esquina com a Rua Uruguaiana)
Igreja de Nossa Senhora da Salete
Esta igreja teve importante atuação na oposição ao regime civil-militar. Aqui, ficaram escondidos perseguidos políticos e realizavam-se reuniões de movimentos sociais.
Local: Rua do Catumbi, 78 – Catumbi
Sobral Pinto
Local onde funcionou o escritório de Sobral Pinto – advogado brasileiro defensor de presos políticos durante a ditadura civil-militar.
Local: Rua Debret, 79 – Centro
Sindicato dos Metalúrgicos
Importante local de mobilização social. No golpe cilvil-militar, ocorreram neste local assembleia dos marinheiros, bem como a noite das botas, quando afiliados foram presos.
Local: Rua Ana Neri, 152 – São Cristóvão