Início Plantão Rio Projetos da Cedae abrem novos caminhos para egressos

Projetos da Cedae abrem novos caminhos para egressos

 

“É a minha chance de começar de novo”. A frase de Cristiane Oliveira Barros resume o sentimento dele e de outros 500 egressos do sistema penitenciário fluminense que estão tendo a oportunidade de reescrever suas histórias através dos projetos de ressocialização da Nova Cedae. Há dois anos, Cristiane aprende uma nova profissão na oficina de corte e costura do programa Trabalhando pela Liberdade e confecciona os uniformes do órgão da Secretaria de Obras.

 

 

Cumprindo sua liberdade condicional, a garçonete Cristiane deixa para trás o passado, quando foi condenada como coautora de um assalto à mão armada, para pensar no novo futuro. A costureira – que recebe um salário mínimo e auxílios transporte e alimentação, além da redução de tempo da pena – sonha em abrir a própria confecção. Em breve, ela e outros detentos também contarão com a seguridade social.

 

 

– Em 2010, a Cedae me selecionou para participar do projeto. Não sabia como seria a minha vida depois da condenação. Terei um destino melhor com a ajuda da qualificação e do emprego que tenho no órgão. A Cedae é uma mãe, ajudando na minha ressocialização para que eu não volte a errar. É a minha chance de começar de novo. Quero abrir minha própria confecção – disse Cristiane, de 32 anos.

 

 

A Nova Cedae é pioneira no Estado do Rio na contratação de detentos como mão de obra em todas as fases de cumprimento do sistema: fechado, aberto, semiaberto e condicional. Em dez anos, a empresa já qualificou mais de 2 mil apenados. Os beneficiados – que são selecionados nas unidades prisionais – trabalham na manutenção das estações e espaços da Cedae, na confecção de uniformes de órgão estaduais, como o projeto Botinho do Corpo de Bombeiros, e na construção de viveiros de mudas florestais.

 

 

– A carência de mão de obra foi suprida com a contratação de apenados, e era para ser uma alternativa a curto prazo. Mas a qualidade do trabalho deles nos impressionou, principalmente pelo grande aumento da capacidade de produção. A demanda era apenas nos serviços de obras, mas foi se estendendo aos laboratórios, apoios administrativos e manutenção e limpeza de espaços – explicou o coordenador de projetos de ressocialização da Cedae, Alcione Duarte.

 

 

Auxiliando no reflorestamento da mata atlântica

Prestes a ganhar liberdade, o aposentado Paulo César de Azevedo busca refúgio no viveiro da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Guandu, em Seropédica, para retornar à sociedade com dignidade. Condenado por homicídio, Paulo trabalha no projeto Replantando Vida, do Trabalhando pela Liberdade, na produção e fornecimento de mais de 100 espécies de árvores típicas de matas ciliares e da Mata Atlântica e no reflorestamento de margens de rios, como o Guandu e Macacu.

 

 

– Estou terminando o meu trabalho no viveiro. Fiz um curso de agente de reflorestamento realizado em parceria entre a Cedae e a Universidade Federal Rural, e aprendi uma nova atividade. Hoje, o viveiro é a minha vida – afirmou Paulo, que participa há 6 anos do projeto, que acontece também no Reservatório Victor Konder e na Estação de Tratamento de Esgoto de Alegria e, em breve, na Colônia Penal de Magé.

 

Ex-detento e concursado da Cedae

 

Aos 52 anos, o supervisor de manutenção Luiz Marquês relembra com alegria da chance que teve de voltar ao mercado de trabalho após ser condenado em regime semiaberto por assalto à mão armada em 1999. Poucos anos depois, começou a trabalhar na escavação e conserto de redes de abastecimento e em um dos viveiros da Cedae. Com a nova profissão e estimulado, Luiz fez concurso para ingressar nos quadros de servidores da empresa após ganhar liberdade.

 

 

– Tinha uma vida desregrada e acabei “caindo” no mundo do crime. Quando tive a oportunidade de trabalhar nos projetos sociais da Nova Cedae, tudo ficou melhor e uma porta se abriu pra sempre. Eu abracei a chance e hoje sou servidor público e supervisiono o trabalho de manutenção de outros egressos – disse.

 

Agência Brasil