mundo regrediu no combate à fome, de acordo com o último relatório mundial sobre os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a cumprir até 2015. O documento, lançado nesta segunda-feira, afirma que, nos países em desenvolvimento, a proporção de subnutridos, que havia caído cerca de 4% desde os anos 90, teve aumento de 1% em 2008. A redução da pobreza também sofreu desaceleração e deve estagnar nos próximos anos, diz o texto.
Segundo o Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2009, assinado pelo secretário-geral, Ban Ki-moon, o ritmo de cumprimento das metas tem sido muito lento e a crise econômica mundial aumenta o risco de insucesso dos países.
Só na América Latina, a proporção de pessoas que passam fome deve aumentar até 13% entre 2008 e 2009, um grande retrocesso — entre 1990 e 2006, a queda da porcentagem de famintos na região foi de 4%. A meta da ONU é reduzir o número de pessoas passando fome pela metade até 2015, mas o objetivo está sendo prejudicado pela alta do preço dos alimentos. Os valores no mercado internacional, que atingiram patamares muito elevados no início de 2008, começaram a cair a partir de setembro, mas a comida continuou cara para os consumidores nos países em desenvolvimento, principalmente no Brasil, na Índia e na Nigéria, avalia o relatório.
Entre 1990 e 2005, mais de 400 bilhões de pessoas saíram da pobreza no mundo, mas a crise financeira mundial deverá colocar na pobreza entre 55 milhões e 90 milhões, afirma o documento. “As taxas de pobreza nos países em desenvolvimento em geral continuarão baixando em 2009, mas a um ritmo inferior ao registrado antes da crise.” O mundo deve atingir a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza até 2015, mas principalmente por conta do ritmo forte de redução na China e outros países asiáticos – fazendo com que a melhoria não seja bem distribuída no mundo.
O objetivo do milênio no qual houve menos progresso até agora, avalia o relatório, foi a redução da mortalidade materna. A meta é reduzir em três quartos as mortes de mulheres relacionadas ao parto ou à gestação, mas a taxa saiu de 480 mortes de mães a cada 100 mil bebês nascidos vivos, em 1990, para 450 mortes a cada 100 mil em 2005 – uma redução de apenas 6%. Os dados correspondem apenas a países em desenvolvimento, pois eles são responsáveis por 99% dos casos de mortalidade materna. Na América Latina, a redução foi de 27% no período, ritmo considerado lento pelas Nações Unidas.
O relatório é otimista com relação à meta que estipula a redução de dois terços na taxa de morte entre crianças até cinco anos. No mundo todo, a taxa caiu menos de um terço, mas a ONU diz que avanços nas regiões mais carentes da África podem refletir em maior sucesso nos anos finais do prazo. O documento ainda diz que 89% das crianças do mundo já têm acesso à educação primária; a meta é atingir a totalidade dos meninos e meninas.
Fonte: Onu