Para auxiliar na recuperação das áreas atingidas pelas fortes chuvas do final de 2009 e início de 2010, representantes do Governo do Estado e de entidades de engenharia e geologia se reuniram, na sede do Clube de Engenharia, no centro do Rio, e elaboraram propostas para evitar futuros acidentes nos municípios fluminenses. Entre as principais sugestões recomendadas no 2º Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas estão a estruturação de um grupo de apoio que ajude as prefeituras no mapeamento de risco, o treinamento de profissionais e a implantação de um programa de educação ambiental.
Os planos para a prevenção de acidentes como os que provocaram dezenas de mortes em Angra dos Reis e na Baixada Fluminense são prioridade para o Estado. As prefeituras das cidades mais afetadas pelas enchentes e desmoronamentos de terra ganharão um serviço especializado para o mapeamento geológico dos locais de perigo iminente. A ideia é prever desastres naturais e minimizar seus efeitos. A Secretaria do Ambiente propôs a criação de um setor no Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) para atuar no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas.
De acordo com a secretária do Ambiente, Marilene Ramos, o novo serviço seria um complemento às medidas de ordenamento do uso do solo, trabalho que já é desenvolvido pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Com o objetivo de diminuir os problemas ambientais, o governo estadual está estruturando uma área geotécnica de apoio às cidades onde existam riscos de deslizamentos de encostas e de enchentes. A proposta é que o município inclua no seu Plano Diretor medidas como a desocupação, a contenção e a construção de sistemas de drenagem das encostas.
– A questão das encostas é municipal, mas o Estado pode se organizar para ajudar. O que estamos discutindo é a possibilidade de estruturar, com a parceria de universidades, um grupo de trabalho que faça um mapeamento de risco, que permite que essas prefeituras possam acessar recursos federais. Muitas vezes, essas verbas não estão disponíveis porque os municípios não acessam, por falta de bons projetos. Queremos promover um controle melhor da ocupação para que o prefeito possa, de fato, ter uma política de ocupação do solo que respeite o limite do risco à vida humana, às moradias e à infraestrutura urbana – ressaltou a secretária.
A formação de um grupo técnico de apoio é importante para estudar soluções para os efeitos das tempestades sobre encostas e planícies. A principal atribuição da equipe será treinar os profissionais que vão operar em toda a região fluminense, em locais que apresentem superfícies inclinadas que delimitam áreas elevadas do relevo, além de criar núcleos compostos por especialistas das áreas de engenharia geotécnica, geologia e hidrologia para apoiar os municípios na prevenção de tragédias.
Promovido pelo Clube de Engenharia e pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, o evento contou ainda com a participação do presidente do Serviço Geológico do Departamento de Recursos Minerais, Flávio Erthal. O representante do órgão, que faz parte da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, explicou sobre o estudo geológico e a atuação do serviço na prevenção destes acidentes, já como resultado do trabalho do Núcleo de Análise e Diagnóstico de Escorregamentos, implantado em junho de 2009.
– A proposta do DRM é fortalecer o Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro também na área de risco. Pretendemos reduzir os desastres em médio prazo. Nossa meta é realizar o mapeamento de 10 municípios em 2010. Em 2011, vamos mapear mais cidades. Além de prevenir desastres, por meio do mapeamento das áreas de risco, o serviço irá focar no uso do solo e da habitação, com a remoção de famílias, e na difusão de informações sobre o deslizamento de encostas. Vamos atuar ainda no reforço e apoio às Defesas Civis estadual e municipais – informou Flávio Erthal.
O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian; o diretor da Fundação Geo-Rio, Luis Otavio Vieira; e o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Alberto Sayão, também participaram do 2º Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas
Fonte: Gov, Rio