Aluno da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Erich Walter Heine, em Santa Cruz, Cesar Pontes de Oliveira Junior tem 15 anos e quatro medalhas olímpicas. Não se trata de reconhecimento em alguma modalidade esportiva, mas em uma disciplina escolar que também exige treino e persistência. O adolescente é um dos três estudantes da rede estadual do Rio de Janeiro que conquistaram o ouro na 8ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), realizada este ano. Os outros vencedores são Daniel Santana Rocha, do C. E. Engenheiro Bernardo Sayão, em Jacarepaguá, e Thatiana Lisboa Pereira, do C. E. Augusto Spinelli, em Nova Friburgo, também com uma medalha de bronze no currículo.
A primeira participação de Cesar no concurso – que, devido aos recordes de participação, é considerado a maior olimpíada de Matemática do mundo – foi por iniciativa da escola, que inscreveu todos os alunos. Aprovado na primeira fase, o adolescente, que sempre foi bom aluno, resolveu entrar no site para ler o regulamento e ficou interessado em fazer a segunda prova. Resultado: logo na estreia, na 5ª série, em 2008, recebeu uma menção honrosa pela participação. Foram duas medalhas de prata e duas de ouro consecutivas desde então.
– Como ganhei a menção, vi que podia ir mais além e tentar me esforçar para conseguir a medalha. Acabei conseguindo. A gente estuda, se esforça, então é muito bom receber um prêmio por isso. Sinto-me realizado – comemora o estudante, em 11º lugar no ranking estadual deste ano.
A primeira medalha de prata, no ano seguinte, foi o resultado de uma preparação que consiste em prestar atenção nas aulas, fazer o dever de casa e estudar. Além do prêmio, ele ganhou também a oportunidade de aprofundar os estudos matemáticos – uma bolsa do Programa de Iniciação Científica Jr. (Pic), concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aos medalhistas da OBMEP, com duração de um ano.
As atividades envolvem tanto encontros presenciais quanto a participação em um fórum virtual, que possibilita o contato, via internet, com estudantes de todo o país que se interessam por Matemática. Os encontros presenciais acontecem um sábado por mês, geralmente no Colégio Militar, na Tijuca, ou no Cefet do Maracanã, onde acontece a apresentação do conteúdo trabalhado online. Em 2013, será a quarta vez que Cesar participará.
– O Pic te deixa adiantado em relação à escola. E como o programa aprofunda o conteúdo, fica mais fácil fazer a Olimpíada de Matemática – dá a dica o aluno.
A prova não é fácil, segundo Cesar. Diferentemente das avaliações da escola, a maioria das questões não envolve fórmula e teoria. São problemas que, para se resolver, é preciso cálculo e raciocínio. Foi a olimpíada que abriu os horizontes do aluno. A partir das vitórias, ele passou a ter noção do seu talento e incentivo para ir “além”, em suas palavras.
– Se eu quiser fazer uma faculdade relacionada à área de Exatas, vai ser mais fácil conseguir uma bolsa. Posso apresentar a minha participação no Pic e nas olimpíadas de vários anos na hora de me candidatar. Também penso em levar meus estudos adiante e até em ser um matemático. Acho que tenho inclinação e talvez seja a melhor escolha – prevê Cesar.
Orgulho da Região Serrana
Aluna do 9º ano do C. E. Augusto Spinelli, Thatiana Lisboa Pereira, de 15 anos, também já vislumbra um futuro como engenheira – provavelmente mecânica. Em 14º lugar no ranking estadual, a menina participou três vezes do concurso. Em 2010, ganhou uma medalha de prata e em 2009 uma menção honrosa.
– A escola me inscreveu em 2009, ganhei a menção, mas nem tinha ligado muito. Em 2010, quando ganhei o bronze e comecei o Pic, aprendi muita coisa. Foi quando percebi que a Matemática era bem mais fácil do que imaginava – conta.
A dica de Thatiana é concentração na hora do estudo e da prova. Ela tenta não se distrair com “detalhes simples” para a matéria não se tornar mais complicada no decorrer da aula. Desde o começo da explicação, é essencial estar atenta. A OBMEP não é difícil, garante. Dessa vez, bastou se dedicar ao estudo de problemas e estratégias de provas anteriores para ter um bom desempenho. O mais complicado é controlar o nervosismo no grande dia.
– No dia da prova, procuro não olhar a matéria, para não ficar paranoica. Só na hora da prova mesmo que eu coloco toda a minha concentração. É fácil, só se esforçar. É uma alegria muito grande ganhar a medalha. Sempre quis ganhar e representar a escola, a cidade e a região. Consegui, finalmente – alegra-se.
Ao todo, a rede estadual fluminense conquistou 32 medalhas Estudantes da rede que foram medalhistas 8ª OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas já podem conferir o resultado. A rede estadual fluminense conquistou 32 medalhas, sendo três de ouro, oito de prata e 21 de bronze. Outros 626 alunos também receberam Menção Honrosa.
Para chegar à premiação, os estudantes selecionados precisaram passar por duas etapas. Na primeira, em 5 de junho, alunos de 977 escolas do Rio de Janeiro fizeram provas com questões objetivas e subjetivas. Já na segunda, em 15 de setembro, participaram estudantes de 878 colégios – que tiveram melhor avaliação na fase inicial.
Os medalhistas de ouro foram Thatiana Lisboa Pereira, do C.E Augusto Spinelli, em Nova Friburgo; Daniel Santana Rocha – C.E Engenheiro Bernardo Sayão, no Rio de Janeiro (Taquara); e Cesar Pontes de Oliveira Junior, do C.E Erich Walter Heine, no Rio de Janeiro (Santa Cruz).
OBMEP
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas é um projeto que tem como objetivo estimular o estudo da matemática e revelar talentos na área. Iniciada em 2005, a OBMEP vem crescendo a cada ano e criando um ambiente estimulante para o estudo da disciplina entre alunos e professores de todo o país.
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