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Regulamentação do uso de faixas refletivas

 

Com um ano da entrada em vigor da Lei Seca,  o número de mortes no trânsito caiu 12,4% segundo o Datasus, mas o Brasil ainda está entre os países que lideram os acidentes de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), os problemas oculares que atingem 42% dos motoristas brasileiros diminuem a visão de contraste e de profundidade, contribuindo com este alto índice. Isso porque, explica, a maior parte dos acidentes de trânsito no País ocorre durante a noite, quando a menor luminosidade diminui a visão de contraste até de quem enxerga bem. Se entre motoristas jovens com miopia, astigmatismo ou hipermetropia ocorre uma redução de 10% a 25% da visão de profundidade no trânsito devido à falta de luz ou ofuscamento dos faróis, afirma, entre os mais velhos que têm glaucoma, catarata ou doenças na retina o problema pode ser ainda maior e dobra a chance de provocar acidentes.

A boa notícia é que a partir de 1º de julho a Resolução 316/2009 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) prevê o uso de faixas refletivas nas laterais e traseira de todos os veículos de transporte coletivo. Quem deixar de se adaptar à nova regra não vai poder registrar ou renovar o licenciamento do veículo.

Queiroz Neto afirma que a faixa refletiva pode aumenta em 5 vezes a distância de percepção visual do transporte coletivo durante a noite, mesmo no caso de veículos pintados de branco, ou seja, melhora a acuidade visual dinâmica que está diretamente relacionada à direção segura. Este cálculo, explica, tem como base a pesquisa feita pelo CESVI Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) com coletes retro-refletivos utilizados para aumentar a segurança de motoristas que necessitam estacionar no acostamento.   Isso acontece, explica, porque à noite nossa pupila dilata para a entrada de luz até a retina onde se formam as imagens. Significa que quanto maior e mais luminosa for uma imagem, melhor é nossa visão de profundidade e de contraste. A faixa refletiva nas laterais e traseira, comenta, também diminui o tamanho e número de pontos cegos ao redor do veículo que impedem o motorista de enxergar objetos, outros veículos, pedestres, motos ou bicicletas através do espelhos retrovisores.

SAIBA COMO A VISÃO PODE AFETAR SUA SEGURANÇA

Queiroz Neto afirma que os problemas de visão mais comuns entre motoristas são os vícios de refração: miopia (dificuldade de enxergar de longe), astigmatismo (visão desfocada para perto e longe) e hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto). A partir dos 40 anos surge a presbiopia, dificuldade de foco para perto, como enxergar o painel do carro, exemplifica. Lentes corretivas atualizadas reduzem os riscos de acidentes, mas pelo menos, metade dos motoristas que usa óculos só atualiza as lentes quando vai renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Por conta disso, ressalta, perdem o reflexo, a rapidez de leitura e a visão de contraste a ponto de à noite não enxergar um pedestre vestido de preto.

Outro problema sério no Brasil, ressalta, é o glaucoma. A doença que geralmente aparece após os 40 anos reduz o campo visual lentamente sem causar sintomas e por isso metade dos portadores já chega à primeira consulta com perda de 40% da visão periférica. Nesta condição, comenta, um estudo feito nos Estados Unidos concluiu que em 3 anos o motorista tem 2 vezes mais chance de se envolver em acidentes de trânsito. Já entre 60 e 64 anos a estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) é de que 20% dos brasileiros têm catarata, opacificação do cristalino decorrente do envelhecimento que é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a maior causa de cegueira tratável no mundo. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intra-ocular. Só para se ter uma idéia do risco que a catarata representa para o motorista, Queiroz Neto estima que antes da cirurgia a visão de profundidade, recuperação ao ofuscamento e dirigibilidade noturna chega a ter um decréscimo de 82% e após o implante da lente é de apenas 5%.

Por incrível que possa parecer, ele diz que a falta de manutenção dos faróis, lanternas, desembaçador do vidro traseiro e do pára-brisa, pode reduzir a visibilidade no trânsito tanto quanto a catarata. As recomendações são:

· Manter as lanternas e faróis limpos e regulados. Faróis sujos dispersam a luz e ofuscam o passageiro que trafega em sentido contrário.

· Checar os fusíveis do desembaçador do vidro traseiro.

· Manter limpo o ar condicionado ou garantir o bom funcionamento do sistema de ventilação sobre o pára-brisa para garantir sua transparência.

· Reduzir a velocidade na chuva ou neblina.

Fonte: LDC Comunicação