O governador Sérgio Cabral defendeu a união de esforços dos governos federal e estadual e das prefeituras para a criação e implementação imediata de um programa de retirada de pessoas que moram em áreas de risco no Estado do Rio, alocando-as em lugares seguros e dignos. Segundo o governador, o programa beneficiaria sobretudo o município de Angra dos Reis, na Região da Costa Verde, onde há cerca de três mil casas estão nessa situação.
Cabral disse que a ocupação irregular nas encostas de morros da cidade foi incentivada por administrações passadas, durante décadas, com o argumento populista de que essa era uma maneira de se prover moradias para famílias carentes.
– Essas pessoas têm onde morar, mas correm risco de vida. Angra dos Reis tem um índice pluviométrico semelhante ao do Amazonas – completou o governador.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos confirma a constatação de Cabral. Segundo ele, toda a formação montanhosa da Serra do Mar, que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina, é suscetível a escorregamento de encostas. Ele explica por quê:
– Esta área é instável naturalmente. Ocorrem escorregamentos mesmo sem a ação humana. No caso específico do desabamento na Ilha Grande, era uma das situações naturais mais críticas, mais instáveis que se conhece. Costa bastante íngreme, com uma camada delgada de solo sobre uma laje de rocha impermeável, ou seja, de forma nenhuma poderia ser autorizada a ocupação do sopé daquelas encostas – criticou o geólogo.
Depois da tragédia anunciada, a solução é mobilizar recursos públicos de emergência. É o que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, afirmou que irá fazer, ao garantir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editará uma nova Medida Provisória para repassar recursos aos municípios atingidos por catástrofes naturais, caso os R$ 200 milhões constantes da MP publicada no final do ano passado não forem suficientes. Ele disse que só está aguardando a avaliação de danos para determinar a liberação dos recursos já garantidos.
– Por enquanto, estamos encaminhando remédios, colchões, alimentos para as vítimas na medida em que isso é que é demandado agora – assegurou o ministro.
Fonte: Governo do Rio