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Reprodução humana ganha novas regras

 No final de 2010, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu novas regras para a reprodução humana no Brasil. A partir de agora, passa a existir o número máximo de embriões a serem transferidos para o útero da mulher. A medida visa evitar casos de gestação múltipla e suas complicações para mãe e para os fetos. Nestes casos, para as mães, existe o perigo do aumento na incidência de diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, já para os fetos, o risco é de prematuridade, que está associada a um aumento na mortalidade e possibilidade de ter sequelas irreversíveis. Diante dessa realidade, a resolução foi considerada um avanço pelo doutor Vinicius Medina Lopes, especialista do Instituto Verhum.  “Agora, com esta nova regra, as mulheres de até 35 anos podem ter implantados até dois embriões; as de 36 a 39 anos, até três; e as que estão na faixa acima dos 40 anos podem ter a implantação de 4 embriões”, explica o médico.
 
O número de embriões a serem implantados já era uma preocupação antiga do Verhum. Acostumado a investir em tecnologia e em estudos científicos, o instituto utiliza o Super-ICSI, um microscópio equipado com um sistema de alto poder de resolução, onde é possível se obter aumento de 6000 a 8000 vezes, o que melhora a escolha dos espermatozoides. “Utilizando esse tipo de tecnologia, podemos avaliar, com precisão, as características da cabeça, do pescoço e da cauda dos espermatozóides, o que permite a seleção daquele com morfologia perfeita, um aumento nas taxas de gestação e uma diminuição no número de abortos, em determinadas situações. Com a limitação no número de embriões a serem transferidos, teremos que produzir e selecionar os embriões com excelente qualidade para manter a mesma taxa de gestação", afirma o especialista. 

 Para o médico, é uma pena que a resolução do CFM não especifique o número a serem transferidos quando se tem apenas temos embriões de má qualidade ou quando os mesmos estavam congelados antes da transferência. "Nestas situações, o número adequado de embriões a serem transferidos seria de três a quatro, independentemente da idade. Transferindo um número menor, com certeza, algumas mulheres terão menores chances de engravidar após pagarem um tratamento caro para nossa realidade", declara Vinicius.

Mesmo sem essa informação específica, o médico acredita que a resolução chega para reafirmar o caminho que fazem as clínicas sérias. “Trabalhamos com a preocupação de realizar o desejo dos pacientes com qualidade e segurança. É mais comum do que se pensa que clínicas prometam resultados eficazes e com baixo custo para os casais que estão ansiosos para terem filhos. Para que essas clínicas consigam sucesso na fertilização, acabam por transferir um número muito grande de embriões, o que aumenta o risco da gestação múltipla”, alerta.

Dados do Registro Latino-Americano de Reproducción Asistida revelam que, no Brasil, 42% das gestações por FIV (Fertilização In Vitro) resultam em gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos e quíntuplos. “O desafio hoje para a reprodução humana é manter bons índices de gravidez, sem aumentar a incidência de gestação múltipla, aprimorando sempre as condições ideais de transferência, sobrevivência e implantação do embrião. Assim, evitamos, ainda, as diversas complicações para a mãe e para o bebê, que pode ter sequelas definitivas pela gemelaridade”, ressalta o médico.
 
Além desta regra do número de embriões, a resolução também abre espaço para que homossexuais e solteiros realizem a técnica de fertilização de embriões, antes só permitida aos casais heterossexuais. Com as novas regras, as pessoas agora também poderão usar o material do doador após a sua morte. 

Fonte: Repense