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Rio Art Déco: exposição fotográfica

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 16 de novembro a 30 de janeiro, a exposição Rio Art Déco, que traz imagens de fachadas, interiores, monumentos e detalhes arquitetônicos e de decoração fotografados por Lena Trindade. A iniciativa é da Hólos Consultores Associados e conta com patrocínio da Caixa Econômica Federal.  

A mostra inclui mais de 100 fotos dos mais belos exemplares do acervo arquitetônico Art Déco da cidade do Rio de Janeiro. “Com esse trabalho mostro, o que restou dessa época, e quem sabe é uma maneira de alertar as autoridades para a necessidade da permanência dessa marca cultural na cidade do Rio de Janeiro e lutar pela preservação de sua autenticidade, beleza e importância”, explica Lena Trindade.            

Algumas imagens são bem familiares ao carioca, como o Cristo Redentor e a escadaria do cinema Roxy, em Copacabana, e outras têm sabor de descoberta ou matarão a curiosidade como o interior do Edifício Biarritz, na Praia do Flamengo e de outros prédios no Largo do Machado e Alto da Boavista. Até o imenso hangar da Base Aérea de Santa Cruz, com 274 metros de comprimento e 58m de altura, construído para abrigar o Zeppelin, é Art Déco.    

PRECIOSIDADES 

Entre as preciosidades, o prédio da Associação Comercial do Rio de Janeiro e seu famoso painel "Riquezas do Brasil", construído em 1940 a partir de projeto do arquiteto francês Henri Pierre Sajous. Foi ele quem projetou o Edifício Biarritz [Praia do Flamengo], o prédio da antiga Mesbla [Passeio] e a Igreja da Santíssima Trindade [Rua Senador Vergueiro, Flamengo]. No Edifício Paissandu, de 1929, projeto de Eduardo Pederneiras, materiais nobres como o mármore e o granito e vidros decorados.

“No caso do Rio de Janeiro, cidade que sofreu intervenções em nome de sua modernização, é alentador constatar como envelheceram bem as construções Art Déco,  e que algumas ainda resistem à voracidade destruidora que nos regeu por tanto tempo. Os exemplares aqui retratados apontam para a possibilidade de se apostar na mudança sem abrir mão do que somos. É uma lição valiosa para um momento em que a cidade pensa em se reinventar”, comenta o escritor e historiador da arte Rafael Cardoso. 

Lena Trindade conta que tomou contato com o Art Déco por meio de passeios inesquecíveis pelas ruas do Rio de Janeiro com o amigo arquiteto Sergio Jamel, já falecido, de quem herdou um livro sobre o estilo. Nessa época, fez os primeiros registros de fachadas e halls da cidade. Este ano, ao retomar o tema, a fotógrafa encontrou um Rio mais preocupado com segurança, que esconde boa parte do seu acervo atrás de grades e esquadrias. “Diante da singeleza do Art Déco, barreiras de alumínio, grades e muros e muita descaracterização afastam o carioca de um dos mais expressivos e belos exemplos da cultura da cidade,  o que é lamentável”, diz.  

As fotos que compõem a exposição estarão apresentadas em ambiente que também agregará móveis e alguns objetos Déco. A cenografia é de Edward Monteiro, a programação visual de Claudia Portela e a iluminação de Steven Way. Haverá ainda projeção contínua do curta-metragem sobre a construção do mais importante símbolo carioca, o Cristo Redentor, escultura que ganhou linhas Art Déco a partir do desenho do escultor francês Paul Landowski. O filme é assinado por Isabel Noronha, bisneta do engenheiro Heitor da Silva Costa, autor do projeto. A exposição prevê ainda visitas guiadas para alunos de escolas públicas. 

Sobre o movimento Art Déco 

Movimento artístico internacional do período entre 1925 e 1940, o Art Déco exerceu fortes influências na arquitetura, no desenho industrial, nas artes decorativas, no design de interiores, assim como nas artes visuais e gráficas, na moda e até no cinema. Considerado um estilo elegante, funcional e ultra moderno, fruto da Revolução Industrial, misturou, na Europa e nos Estados Unidos, estilos como o construtivismo, cubismo, modernismo, Bauhaus, futurismo e art noveau, do qual substituiu o rebuscamento pela simplicidade. Edifícios, esculturas, jóias, luminárias e móveis foram geometrizados. 

Enquanto pólo catalisador de tendências modernas, o Rio de Janeiro sofreu fortes influências do movimento, que permanecem vivas em vários bairros da cidade.  “O estilo Art Déco na arquitetura chegou nos anos 20 e 30, e ocupou vários bairros do Rio de Janeiro, quando a vida na cidade se modernizava, a indústria se instalava e o Rio era uma cidade pronta para receber de maneira gentil e vibrante as informações de um novo tempo”,  explica Lena Trindade.  

Sobre a Hólos  

A exposição é um projeto da Hólos Consultores Associados, empresa comprometida com a geração de benefícios para a sociedade que atua nas áreas de cultura, educação e meio ambiente. Criada em 1991 pelos sócios  Carlos e Christina Gabaglia Penna, voltada para a área ambiental, há cinco anos passou a desenvolver com mais ênfase projetos na área de cultura e de educação, quando foi chamada para integrar a equipe a designer Patrícia Galliez de Salles. No portólio da Hólos consta a coordenação do Projeto Eliseu Visconti, do qual fizeram parte a exposição “Eliseu Visconti – Arte e Design”, realizada no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília e a coordenação da restauração das pinturas artísticas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde mais de 1.000 m² de pinturas foram trabalhadas por uma equipe de mais de 50 restauradores, trazendo de volta ao Theatro todo seu glamour e beleza. 

Outro destaque da Hólos foi o “Projeto Lúmen – Intervenções Luminosas na cidade do Rio de Janeiro”, que transformou em 2009 ícones da cidade em galerias a céu aberto, democratizando a arte. Seis artistas fizeram intervenções em locais como o Museu de Arte Moderna, na fachada do Hotel Glória e nos Arcos da Lapa, entre outros, onde foram projetadas imagens. Em 2010 produziu a exposição Sérgio Telles Caminhos da Cor, no Museu Nacional de Belas Artes. Diplomata e pintor e exímio aquarelista, Telles expôs 90 telas sob forte influência dos artistas da Escola de Paris, como Matisse, Dufy e Bonnard. 

Sobre Lena Trindade 

Jornalista, Lena Trindade começou a fotografar em 1975. Entrou em contato com o Art Déco em 1990, pelas mãos do amigo e arquiteto Sergio Jamel, cuja casa em Santa Teresa era palco de divertidos almoços nos fins de semana. Não era raro a digestão acontecer em passeios a bordo do fusquinha do arquiteto pelas ruas da Glória, Flamengo e arredores. Era como uma visita guiada, cheia de conteúdo. Do amigo, herdou um livro sobre o Déco. 

Em 2006, uma exposição sobre esse mesmo estilo arquitetônico em Buenos Aires, na galeria do BNDES, a inspirou a elaborar um projeto e concorrer a um edital do banco para realizar mostra parecida, com foco no Rio de Janeiro. O plano, que já havia cumprido todas as etapas burocráticas do edital, naufragou com o fechamento da galeria. Foram necessários mais três anos para que finalmente Lena encontrasse Christina e Patricia, da Hólos, que abraçaram o projeto, patrocinado pela Caixa Econômica Federal. Para fazer as centenas de cliques que deram origem à seleção das 113 fotos da exposição, Lena iniciou seu trabalho em abril de 2010. 

 

SERVIÇO:
Exposição fotográfica “Rio Art Déco”
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Grande Galeria
Endereço: Av. República do Chile, 230 – anexo 3º andar – Centro, Rio de Janeiro (Metrô: Próximo à estação Carioca)
Telefone: (21) 2262 8152
Abertura: 16 de novembro de 2010 às 19h

Visitação: 17 de novembro de 2010 a 30 de janeiro de 2011
Horários: De terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h.
Entrada franca
Classificação: Livre
Acesso para portadores de necessidades especiais 

Fonte: CAIXA Cultural