A Praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, recebeu neste fim de semana (27 e 28) a Copa Brasil Caixa de Marcha, uma das modalidades do atletismo, que mais exige do atleta. Pode parecer fácil, mas o esporte é considerado por muitos mais difícil do que a corrida. A competição, que teve a largada e a chegada na Praça Tim Maia, reuniu competidores de países como Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Congo e China. O destaque do evento ficou por conta da prova dos 50km, válida pelo Campeonato Sul-Americano, que serviu como evento-teste para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Para o Comitê Rio 2016, piso e percurso foram aprovados pelos atletas, assim como a tecnologia de cronometragem (pontos principais para avaliação). O Equador dominou a prova, com três atletas no pódio.
– Do que nos propusemos a fazer, foi um sucesso. O percurso, que já havia sido aprovado pela IAAF, precisava passar por uma prova e o mais importante é que foi aprovado também pelos atletas, que o consideraram excelente e rápido. Não tivemos grandes resultados agora por causa do calor. Quem completou a prova já teve uma vitória. E, da parte da tecnologia com dispositivos eletrônicos para cronometragem, tudo funcionou perfeitamente – comentou o gerente de Atletismo do Comitê, Martinho Nobre.
Por conta do calor, dos 18 atletas inscritos na prova dos 50km, sete conseguiram completá-la. Para o vencedor do percurso, o equatoriano Claudio Villanueva Flores, o piso de asfalto novo, recapeado, e o circuito, plano e com apenas duas curvas no circuito fechado de dois quilômetros, foram excelentes e permitiram uma prova rápida.
– O piso estava muito bom, a prova foi muito boa – disse Flores.
Em segundo e terceiro lugares chegaram Rolando Saquipay, com 4h34min09, e Jonnathan Cáceres Cabrera, com 4h46min21, também do Equador. O brasileiro que permaneceu mais tempo na prova, Samir Sabadin, passou mal por causa do calor, tentou voltar, mas desistiu.
Para os Jogos Olímpicos, quando a marcha terá a prova de 20km no dia 12/08 e a de 50km no dia 19, a previsão é de temperatura mais amena, uma vez que será inverno no Brasil. Ainda assim, a largada dos 50km foi marcada para às 8h30 e a dos 20km para 14h30.
Delegado-técnico da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), o espanhol Luis Saladie aprovou a organização do evento:
– Teremos de fazer alguns ajustes, mas tudo dentro do normal. Eventos-teste são para isso. O circuito terá de ser um pouco mais largo. Aqui tivemos menos do que 20 competidores. Nos Jogos serão 60. Mas ficou muito bom, perfeito. A paisagem é belíssima. Para mim, será a marcha Olímpica mais bonita desde que participo dos Jogos, começando por Barcelona 1992.
A Marcha Atlética consiste em andar em ritmo acelerado e exige técnica muito precisa, já que os pés do atleta não podem “ficar no ar”. Por regra, é preciso que o marchador esteja sempre tocando o chão com um dos pés, assentando o calcanhar primeiro a cada passo e estendendo a perna de apoio em certo momento do ciclo. Daí o “gingado”, que exige muito mais esforço do que a corrida, dando a impressão de que os marchadores estão flutuando no asfalto. Os atletas são vigiados por árbitros durante todo o percurso. Três advertências resultam na desclassificação do marchador.
A hidratação ao longo da prova precisa ser muito bem planejada, especialmente para os marchadores, pois há perigo de hiponatermia (queda extrema da taxa de sódio), o que pode causar sequelas neurológicas graves, e até matar. Outro risco é hipertemia, elevação acentuada da temperatura corporal, que também pode afetar funções do cérebro. Sem falar que a modalidade também exige resistência no aspecto psicológico.
A Marcha foi integrada aos Jogos Olímpicos em 1908 e, em 1992, passou a ser disputada também na categoria feminina. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, haverá três provas de marcha atlética – em 12 de agosto, os 20km para homens, e em 19 de agosto, os 20km para mulheres e os 50km para homens. Para assistir a esses eventos, não será necessário comprar ingresso, basta acompanhar o percurso pelas ruas. No evento-teste deste fim de semana, a torcida pode ir se familiarizando com a modalidade, que não é tão conhecida popularmente.
O atual recorde mundial na categoria 20 km é do japonês Yuzuke Suzuke, com 1h16m36s. Nos 50 km, o recorde é do russo Denis Nizhegorodov, com 3h35m29s. O maior nome da marcha atlética em todos os tempos é o do polonês Robert Korzeniowski, tetracampeão olímpico e tricampeão mundial, nas duas distâncias, entre 1996 e 2004.
Índices do Brasil
Marchadores brasileiros irão para Dudince, na Eslováquia, no próximo dia 19, para tentar índices Olímpicos ou melhorar a marca. Mário José dos Santos Júnior e Caio Bonfim são os únicos que já têm o índice de 4h06 exigido. O atleta Cláudio dos Santos ainda precisa alcançar a marca para disputar os Jogos no Rio. Em maio será disputada a Copa do Mundo por Equipes de Marcha, em Roma. Uma grande oportunidade para que os brasileiros garantam vaga para o maior evento esportivo do mundo.
Fonte: Comitê Rio 2016
