A secretária do Ambiente, Marilene Ramos, antecipou na última sexta-feira (08/01) que sugeriu a criação de um setor dentro do Departamento de Recursos Minerais (DRM), para atuar no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas em todo o Estado. Segundo a secretária, as prefeituras dos municípios mais frequentemente afetados por desmoronamentos, entre os quais, Angra dos Reis, contarão com um serviço especializado para o mapeamento geológico das áreas de risco iminente.
Desse modo, as possibilidades de desastres, como os ocorridos na Ilha Grande e no Morro da Carioca, no Centro de Angra, no primeiro dia do ano, e que causaram 52 mortes, poderão ser previstos e seus efeitos minimizados.
– É claro que os desastres naturais nem sempre podem ser evitados. Sobretudo, na proporção desse ocorrido em Angra dos Reis. Mas, o Estado dispõe de pessoal especializado e pode dispor desse serviço com a finalidade de prevenir riscos de desmoronamentos e deslizamentos de encostas e os municípios poderão contar com esse apoio – sugeriu.
No caso de Angra, a secretária informou que inicialmente a Prefeitura previu que 500 casas precisarão ser demolidas nas áreas já afetadas pelos deslizamentos, 50 das quais já foram derrubadas. Contudo, conforme estimativas dos técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pelo menos 1.000 residências devem ser removidas no curto prazo por estarem em locais de risco iminente. Depois de concluídos os trabalhos de mapeamento, a estimativa é que o número de remoções triplique.
– Pelo menos 3 mil famílias terão que ser remanejadas de encostas no Centro de Angra e da Ilha Grande. Esse será o primeiro item da reconstrução da cidade – afirmou a secretária, lembrando que os prejuízos causados ao município em decorrência da tragédia não se limitam as questões materiais.
– Vidas foram perdidas e o valor disso é incalculável. Mas, além disso, os deslizamentos ocorreram em um período de alta temporada para um município cuja economia é essencialmente baseada no turismo. Portanto, as perdas continuam com a queda no número de turistas, principalmente devido ao estigma que o risco representa – lamentou.
Marilene Ramos, no entanto, ressaltou que fora das áreas de restrição – além da enseada do Bananal, as praias Vermelha e de Araçatiba, que também foram afetadas – Angra tem outros locais absolutamente seguros e com infraestrutura em perfeitas condições para receber os turistas. Só a Ilha Grande tem 106 praias.
– Existem milhares de locais em Angra que podem ser visitados. Até porque estamos falando de um lugar de uma riqueza, de beleza natural inigualáveis. Essa ocorrência foi totalmente atípica. Há anos os turistas frequentam Angra dos Reis e nunca houve um desastre nessa proporção – lembrou.
O novo serviço do DRM, de acordo com a secretária, seria um complemento às medidas de ordenamento do uso do solo, tarefa desempenhada pelo Inea, órgão executivo da Secretaria. Conforme explicou, além do monitoramento, o município incluirá no seu Plano Diretor medidas como a desocupação, a contenção e a construção de sistemas de drenagem das encostas.
– Obviamente que é impossível desocupar todas as áreas de encostas no município. Não podemos retroceder há 30 ou 40 anos, quando o licenciamento era exigido exclusivamente das indústrias, baseados na ocorrência de infração ambiental. Iríamos causar um caos social. Algumas áreas já sofreram tanta interferência que a retomada à condição natural seria praticamente impossível. Mas, os locais onde há risco à vida das pessoas serão desocupados, assim como serão impedidas futuras interferências em prejuízo ao meio ambiente – finalizou.
Fonte: Secretaria do Ambiente