Por Joyce Pimentel*
Quinze dias após a mega festa de aniversário de Antônio Bonfim Neto, o Nem, chefe do tráfico do morro da Rocinha a polícia decidiu realizar uma operação na favela logo no inicio da manhã de hoje (03/06). Ainda amanhecia, quando cerca de 200 homens de pelo menos oito delegacias especializadas da Polícia Civil, com ajuda de dois helicópteros e um blindado, chegaram à Rocinha.
Para anunciar a chegada da polícia, traficantes daquela comunidade dominada pela facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) soltaram fogos e abriram fogo dando início a um intenso tiroteio. Devido à operação o trânsito foi interrompido causando um mega engarrafamento nos dois sentidos da Auto Estrada Lagoa Barra e as aulas em um Ciep foram suspensas. Os funcionários das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também ficaram parados. Por enquanto, não há informações de feridos no confronto.
Logo no início da operação, a polícia encontrou uma refinaria de cocaína que funcionava em uma casa na Rua 1, próximo a quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha. De acordo com o delegado Ronaldo Oliveira, do Departamento de Polícia da Capital, responsável pela operação, ninguém foi preso e o imóvel estava fechado.
— No local, a droga era misturada e embalada para ser vendida. A refinaria deve ter o mesmo tamanho da que foi encontrada em março — revelou, acrescentando ainda que cada especializada está na Rocinha com um objetivo.
No final de março, a Polícia Civil informou que pretende manter operações para enfraquecer o que seria o maior entreposto de drogas do Rio, a Rocinha. No dia 25 daquele mês, a polícia descobriu que os traficantes misturavam cimento branco e outros produtos químicos à cocaína.
Ação esperada
A ação já era esperada, pois que no dia da festança de Nem, onde o Serviço Reservado da Polícia (P-2) sabia do evento nada foi feito para impedir as comemorações do aniversário do chefão da Rocinha, onde facilmente Nem poderia ser preso.
Na época, a ação foi vetada pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Segundo o secretário, pessoas inocentes poderiam morrer.
— Moradores da comunidade participaram da festa e policiais infiltrados colheram mais informações para uma ação bem planejada — disse Beltrame na ocasião.
No dia seguinte, o governador Sérgio Cabral se negou a comentar a decisão do secretário, dando a entender que não estava satisfeito com os fatos. Segundo fontes da Polícia Civil, a operação cancelada foi uma boa decisão.
— Esperem no dia em que a Polícia bater na Rocinha. O estrago será feito para o tráfico — disse um delegado da Civil.
* repórter especial AIB – [email protected]
Fonte: AIB