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Ruy Castro grava depoimento para a posteridade

Abrindo a série 2010 do projeto Depoimentos para a Posteridade, da Fundação Museu da Imagem e do Som (MIS), o jornalista e escritor Ruy Castro lembrou, na tarde desta quarta-feira (27/1), junto com os amigos e entrevistadores Álvaro da Costa e Silva, editor do caderno Ideias, do Jornal do Brasil; João Máximo, jornalista; Isabel Lustosa, historiadora; e Muniz Sodré, diretor da Biblioteca Nacional, de seus tempos de juventude e das primeiras matérias assinadas no Correio da Manhã, coincidentemente relacionadas ao projeto que hoje o recebeu como depoente e protagonista da história oral.

Consagrado como um dos escritores mais respeitados da atualidade, antes mesmo do nascimento do novo MIS, em Copacabana, Ruy Castro já faz parte da instituição. Recentemente, ele e o pesquisador Rodrigo Fahur foram convidados pela presidente da instituição, Rosa Maria Araújo, a prestar consultoria e analisar o acervo de depoimentos do museu, tendo em vista o seu melhor aproveitamento na nova sede em construção.

– Passei alguns meses mergulhado na fabulosa coleção de depoimentos do MIS, que reúne quase duas mil pessoas, grandes nomes da cultura brasileira que deram depoimento ao museu. E, para mim, é uma honra agora fazer parte desse grupo de pessoas – festejou o jornalista.

Ruy Castro nasceu em 1948, começou como repórter em 1967, no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, e passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana. A partir de 1990, concentrou-se nos livros. Publicou, entre muitos outros, as biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e obras de reconstituição histórica, sobre a Bossa Nova, Ipanema e o Flamengo.

– Há 47 anos eu estava neste museu, do outro lado do microfone, como repórter do Correio da Manhã cobrindo os depoimentos prestados por figuras como Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Jamais imaginei que um dia eu estaria sentado exatamente do outro lado da mesa, registrando meu próprio depoimento – confessou.

Para Ruy Castro, essa oportunidade é uma grande honra. Sem saudosismo, mas lembrança dos bons tempos de início da carreira, o jornalista expressou um sentimento muito grande de identificação com o Museu da Imagem e do Som: sua primeira matéria assinada em jornal, escrita em 1967, foi afixada em um tabique no mesmo museu, que abrigava uma exposição sobre Noel Rosa.

– Era uma matéria sobre os 30 anos da morte de Noel e ela acabou fazendo parte da exposição. O Ricardo Cravo Alvim, na época diretor do MIS, que não me conhecia, viu o material, ficou sabendo quem era eu, me pegou pela mão e me apresentou ao Pixinguinha, ao Tom Jobim e ao João da Baiana, ao Paulo Tapajós, Braguinha e ao Almirante. Ou seja, em 30 segundos fui apresentado ao melhor de toda a música do passado. Para mim, estar hoje aqui é uma coisa fabulosa – comemorou.

O interesse pelo jornalismo começou cedo, aos 11 anos de idade, ainda em Caratinga (MG), onde nasceu. Naquela época, Castro escrevia sobre futebol, música e cinema nos jornais O Leste Mineiro e O Caratinga. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e, dois anos depois começou a carreira como repórter no Correio da Manhã. Em 1967 ganhou o prêmio Esso de Jornalismo, com a monografia “A linguagem cinematográfica de Guimarães Rosa e Oswald de Andrade” e seguiu para Portugal e França.

No Rio, trabalhou no Jornal do Brasil, escreveu dois especiais para a Rede Globo (Brasil Pandeiro e Saudade Não Tem Idade) e traduziu quatro livros de Woody Allen. Em São Paulo, trabalhou como editor de cultura da revista Isto é e na Playboy, como repórter especial.

Na década de 80, diversificou as atividades trabalhando como publicitário e produtor de programas de jazz para a Rádio Eldorado. Foi repórter especial da Folha de S. Paulo, colunista da Veja-SP e colaborador do jornal O Estado de São Paulo. Em 1989, publicou seu primeiro livro: O melhor do mau humor – Uma antologia de citações venosas.

Em 1995 publicou a biografia Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha, com a qual ganhou o prêmio Jabuti, que recebeu pela segunda vez em 2004, com a obra Carmen, biografia de Carmen Miranda.

 

Fonte: Governo do Rio