A campanha de vacinação precisou ser antecipada no estado porque o vírus da gripe começou a circular mais cedo este ano. Foram registrados, até 5 de abril, 667 casos da doença e 75 óbitos. Do total de mortes, 70 ocorreram por causa da H1N1, três pelo vírus B e duas pelo H3N2. A vacina disponibilizada na rede pública protege contra os três tipos de vírus.
De acordo com o infectologista e supervisor do Pronto-Socorro do Hospital Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira, na maioria dos casos de morte, os pacientes já apresentavam doenças crônicas.
Por isso, a próxima etapa de imunização, a partir do dia 18, terá como alvos os portadores dessas doenças e imunodeprimidos, mulheres no período de 45 dias após o parto e população indígena.
Teixeira alerta que não há razão para pânico. Segundo o especialista, o que pode ter elevado o total de mortes este ano foi a falta de informação sobre a chegada antecipada do vírus, tanto por parte da população quanto dos serviços de saúde. Isso pode ter prejudicado o tratamento. “A gente sabe que todo ano tem gripe, uma parte vai ter complicação e uma parte vai a óbito”, disse.
Movimento nos postos
No posto de saúde no bairro Alto de Pinheiros, zona oeste da capital, o movimento era tranquilo na manhã de hoje. Thaís Sartor, de 63 anos, aposentada, estava preocupada com uma possível fila e, por isso, chegou mais cedo. “O povo está muito desesperado, nessas filas. Não é assim também. Todo ano a gente toma vacina e sempre foi tranquilo.”
Regiane disse que só esperou meia hora para tomar a vacina. “Foi rapidinho. Estava ansiosa para receber, mas queria que minha outra filha, de 9 anos, também recebesse a vacina.”
A psicóloga Andreia Kinsan, de 39 anos, levou o filho Pietro, de 3 anos, para ser vacinado, mas estava preocupada com o outro filho, Enzo, de 9 anos, que sofre de asma.
“Se não desse para tomar aqui, eu ia levar meus filhos no [médico] particular. Todo ano nós tomamos, mas a minha preocupação é com aqueles que não se vacinam”, disse a psicóloga.
A publicitária, Juliana Fornicola, de 32 anos, que está grávida, foi vacinada no Instituto Emílio Ribas, zona oeste. “Meu marido trabalha na área da saúde e insistiu para que eu viesse. Estava ansiosa para tomar a vacina, que tomei, em outros anos. Mas, grávida, é a primeira vez que tomo a vacina. Acho importante.”
De acordo com o infectologista, todas as gestantes que receberem a vacina, em qualquer período da gravidez, continuam repassando os anticorpos para o bebê, que fica imunizado até o sexto mês de vida.
Reações à vacina
Segundo o infectologista, a vacina contra a H1N1 começa a proteger em 14 a 21 dias. Porém, os cuidados devem ser mantidos, já que, mesmo vacinada, a pessoa pode pegar gripe. “A vacina tem 70% de eficácia, em média”. Além disso, a imunização não protege contra resfriados, que é uma versão mais branda da doença.
Entre as reações, estão dor no local da aplicação, mal-estar e dor no corpo. “Aí vem a confusão, as pessoas acham que a vacina causa a gripe, o que seria impossível. Acham que a vacina não presta, por confundir os conceitos”, disse Teixeira.
O médico alerta também contra a automedicação. “Tomar amiflu [medicamento usado no tratamento da H1N1] como profilático não é recomendado. Se tomar junto com a vacina, vai ter o resultado [da vacina] diminuído, porque o remédio age combatendo o vírus. Assim o tamilfu vai combater a vacina.”
Como medidas preventivas, Teixeira sugere deixar os ambientes ventilados, ter cuidado ao tossir ou espirrar e higienizar as mãos, que são os principais meios de propagação do vírus.