Sétimo colocado no ranking de medalhas dos Jogos Paralímpicos de 2012, em Londres, o Brasil tem a meta de terminar as Paralimpíadas na quinta posição geral e melhorar ainda mais nos próximos anos. Para isso, segundo a secretária especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Roseane Cavalcante de Freitas Estrela, conhecida como Rosinha da Adefal, não faltarão investimentos do Governo Federal, com foco muito além dos resultados. “O esporte é o melhor veículo de inclusão social para a pessoa com deficiência”, disse Roseane durante entrevista coletiva nesta segunda-feira,no Rio Media Center (RMC), ao lado do judoca Wilians Silva de Araújo, que conquistou a medalha de prata nos Jogos.
Natural da Paraíba, Willians perdeu a visão aos 14 anos, num acidente com tiro de espingarda, e é um exemplo da importância dos investimentos governamentais no esporte paralímpico. “Eu mesmo não tenho nenhum patrocinador privado”, contou ele, que chegou ao Rio aos 16 anos para morar no Complexo do Alemão (conjunto de comunidades na Zona Norte) e encontrou no Instituto Benjamin Constant, na Urca, o primeiro ponto de apoio para os estudos e a prática de esportes. “Completei o ensino fundamental lá e tentei natação e futebol antes de me encontrar no judô”, disse.
Beneficiário de programas como o Bolsa Pódio, criado em 2011, e o Bolsa Atleta, de 2010, Wilians começou a lutar judô em 2009 e fez sua estreia em Paralimpíadas nos Jogos de Londres, quando ficou em quinto lugar. Antes disso, já havia sido medalhista de prata no Parapan-Americano de Winnipeg, em 2011, e depois repetiu o feito em Toronto, em 2015. “Tinha o sonho de participar das Paralimpíadas e realizei em Londres. Este ano queria ganhar uma medalha, e consegui. Agora, o sonho passa a ser o ouro”, explicou o judoca.
Para isso, Rosinha da Adefal garante que não faltarão investimentos governamentais. “Nossos atletas não serão esquecidos após os Jogos. A própria mudança de status da secretaria já é um sinal de empoderamento, de maior visibilidade para a questão da pessoa com deficiência”, diz a secretária, que carrega em seu nome político a sigla da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), onde começou a praticar natação aos 14 anos. A secretaria não carregava o nome de ‘especial’ e, em vez de ser ligada ao Ministério da Justiça, como agora, era diretamente vinculada à Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
Ex-atleta paralímpica, Roseane reconhece que a maioria das quase 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil ainda vive na “invisibilidade”. Ela, porém, citou os investimentos de R$ 67,3 milhões, por meio de 17 convênios firmados com o Comitê Paralímpico Brasileiro desde 2010, para mostrar seu otimismo com uma mudança de atitude cada vez maior da população em relação às pessoas com deficiência. “Além do legado físico, das obras que estão aí, visíveis, a Paralimpíada Rio 2016 vem trazendo uma mudança de comportamento, de atitude da população, e esse será seu maior legado”, afirmou a secretária, que acrescentou: “Para ter mudança de atitude é preciso conhecer as diferenças e respeitá-las”.