A Agenda Única Rio Zumbi 2009, uma iniciativa multidisciplinar que conta com o apoio do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio e da União, desenvolve, desde o dia 5 de novembro, uma programação intensa em comemoração ao Mês da Consciência Negra. Os eventos sócio-culturais se estendem até o próximo dia 30. Nesta segunda-feira (23/11), órgãos das secretarias de Saúde e Defesa Civil e Assistência Social e Direitos Humanos, ONGs (Organizações Não Governamentais) e parlamentares discutiram na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) a saúde da população negra.
A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj, presidida pela deputada Beatriz Santos, realizou o seminário sobre questões que envolvem a saúde da população negra. Segundo dados repassados pela comissão, existem doenças que só atingem os negros, como a anemia falciforme, e outras que os atingem com maior incidência, como a diabetes.
– A preocupação que temos é pelo fato de o negro ser tão discriminado na sociedade, inclusive na questão de um atendimento médico mais específico. Existem doenças que só eles têm. Por isso, é justo darmos mais atenção a essas pessoas que merecem todo o respeito – defendeu a parlamentar.
Para o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Paulo Roberto dos Santos, que dividiu a mesa de trabalhos com o chefe do setor de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, José Egidio Paulo de Oliveira; Ilka do Carmo, membro do Grupo de Trabalho de Doença Falciforme, do Cedine; e o mestre Arerê, que falou sobre a participação dos capoeiristas na Revolta da Vacina, rejeição popular à vacina contra a varíola no inicio do século XX, no Rio de Janeiro.
– O seminário visa alertar todos os complexos e centros médicos da capital e interior do Estado do Rio, além dos profissionais da saúde, para que tenham mais atenção com as doenças que mais acometem a população negra. É importante que hospitais estejam preparados para cuidar também das doenças que afetam um grande número de pessoas da comunidade afro-descendente, além das doenças de origem européia, essas relacionadas ao domínio da colonização do país – observou Paulo dos Santos.
O presidente do Cedine acredita que, apesar de acometer principalmente a população negra, a anemia falciforme ainda não é tratada como deveria ser. Paulo dos Santos também lembrou da questão das doenças de pele, em especial o vitiligo, e o câncer de mama entre as mulheres de raça negra que, da mesma forma, têm grande incidência no segmento afro-descendente.
No seminário, Ilka do Carmo explicou que a anemia falciforme é uma doença praticamente exclusiva dos afro-descendentes e se caracteriza pela alteração do formato dos glóbulos vermelhos. Entre outras consequências, os portadores da anemia têm fortes dores nas articulações. Com relação ao diabetes, a palestrante esclareceu que o maior problema registrado entre a população negra portadora da doença não é de ordem genética, mas de condição econômica para fazer o tratamento e manutenção.
– Com este seminário queremos abrir uma oportunidade para a sociedade se aproximar da classe médica e fazer com que esses profissionais tenham um olhar diferenciado para essa população carente e, principalmente, sem condições econômicas de enfrentar doenças como o diabetes – esclareceu.
Fonte: Governo do Rio