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Servidora do Senado vai ao Jô e é exonerada

A diretora da Secretaria de Taquigrafia do Senado (STAQ), Denise Ortega de Baère, perdeu o cargo de chefia depois de ter comparecido ao Programa do Jô, na Rede Globo. A entrevista ocorreu em 29 de março, quando Denise, acompanhada de uma taquigrafa da Casa, conversou com o apresentador Jô Soares sobre a rotina do órgão, entre outros assuntos.
Há 16 anos no posto, Denise confirmou ao Congresso em Foco a demissão do posto de chefia, embora sua exoneração ainda não tenha sido formalizada nesta terça-feira (12) no Boletim Administrativo Eletrônico de Pessoal (uma edição suplementar deve registrar a decisão ainda hoje). Ela disse que o pedido de demissão chegou ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que tem projeção sobre as decisões administrativas. Até a publicação desta matéria seu nome ainda estava incluído entre os 45 diretores declarados pela Casa na página eletrônica institucional. 
Como funciona
À primeira vista, Denise nada disse a Jô Soares que pudesse manchar a imagem do Senado. Ao contrário, ela explica como funciona o serviço de taquigrafia, que registra tudo o que é dito pelos senadores e torna rapidamente disponíveis seus discursos e outras manifestações. Ela inicia a entrevista informando que já foram 100 os taquígrafos sob seu comando, mas “atualmente, com as aposentadorias, chegam a 77 os taquígrafos propriamente ditos, porque tem alguns que eu retirei para assumirem direções”. “Porque abaixo de mim, tem quatro subsecretarias”, acrescentou a servidora. “Como é que funciona isso?”, quis saber Jô Soares.
“Por que é um corpo muito grande de funcionários. Então, nós temos a primeira etapa, que são os taquígrafos que fazem o primeiro apanhamento, que ficam de dois em dois minutos no Plenário [do Senado]…”, explicou a servidora, que interrompeu a descrição das tarefas para dizer que, a cada início de legislatura, tem de explicar aos novos senadores por que existem duas mesas reservadas à taquigrafia no plenário, uma em cada canto abaixo da Mesa Diretora.
“Eu explico: ‘senador, essa mesa do lado direito são os taquígrafos do apanhamento, que registram dois minutos [de falas e discursos]. E os da mesa esquerda são os taquígrafos revisores, que ficam 10 minutos. E cada taquígrafo revisor cobre cinco taquígrafos. Toda vez eu explico isso, porque ninguém sabe o que é taquigrafia”, disse Denise.
“Tem um que cobre cinco?”, brincou Jô, ironicamente apimentando a conversa. “Um que cobre cinco, Jô…”, rebateu a servidora, percebendo o gracejo. “[Cobre] de respeito”, emendou o apresentador, sob risadas da plateia e da própria Denise. Que, encerrada a piada, filosofou: “Eu sempre falo: a taquigrafia é o sustentáculo da história do Parlamento brasileiro. E digo mais: é a perpetuadora dos registros da vida política, econômica e social desta nação. Isso é taquígrafo, Jô, porque ninguém sabe o que a gente é.”

Fonte: Congresso em Foco