Por Joyce Pimentel*
O assassinato na semana passada de um ex-vereador envolvido com a milícia dentro de um condomínio de luxo da Barra da Tijuca, na Zona Oeste chamou a atenção para a falta de segurança de alguns conjuntos residenciais da região. Verdadeiras fortalezas rodeadas de grades, condomínios da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes cobram caro aos moradores com a oferta de uma moradia segura, mas na prática, deixam famílias vulneráveis à violência.
No último dia 10, homens armados que estavam em um Audi prata com a placa ocultada por um plástico preto não tiveram nenhuma dificuldade em atravessar uma cancela e entrar no conjunto de apartamentos. A maioria das câmeras espalhadas pelo estacionamento e no interior do edifício, que deveriam ajudar a polícia a identificar os criminosos, também não estavam funcionando.
— Nunca achei que algo assim fosse acontecer aqui dentro. Achei que estivesse protegida aqui — disse uma moradora do condomínio onde aconteceu o crime, que preferiu não se identificar.
A moradora teve seu carro, um Xsara Picasso, atingido por um dos tiros disparados pelos assassinos do ex-vereador Josinaldo Francisco da cruz, o Nadinho de Rio das Pedras. Uma das balas atravessou a lataria traseira do veículo e se alojou no banco do carona.
Dias depois do crime, a administração do condomínio convocou representantes dos moradores para uma reunião com o objetivo de melhorar o sistema de segurança do condomínio.
Para o presidente do 31º Conselho Comunitário de Segurança (31º CCS), que atende a área coberta pelo 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), Geraldo Freire de Castro Filho, o Castrinho, a responsabilidade pela má qualidade da segurança dos condomínios também é dos moradores.
— Recebemos muitas reclamações de gente que vive nesses condomínios e está insatisfeita com a segurança, mas é preciso que os moradores cobrem das administrações dos prédios um serviço de qualidade, com firmas de segurança legalizadas. Por lei, as ruas dentro dos condomínios são públicas e ninguém pode ser impedido de circular ali, mas é preciso haver um controle de quem entra e sai — disse Castrinho.
O episódio do dia 10 não foi o único que expôs a vulnerabilidade da segurança dos condomínios. No ano passado, edifícios foram alvo de quadrilhas de bandidos que realizavam seqüestros relâmpagos após abordar as vítimas dentro dos estacionamentos dos condomínios.
Se fosse eficiente, o monitoramento por câmeras poderia ajudar a desvendar crimes como o suposto estupro de uma jovem de 19 anos por quatro rapazes dentro de outro condomínio de luxo na Barra na semana passada.
— Estamos lutando junto à Secretaria de Segurança pela implantação de mais câmeras, principalmente próximo aos centros comerciais. Hoje a Barra e Recreio devem ter em torno de dez câmeras de monitoramento da PM. Nossa intenção é instalar outras financiadas pela iniciativa privada que serão colocadas de acordo com o que o setor de inteligência da polícia definir, porque são eles que sabem quais são as áreas mais críticas — revelou o presidente do 31º CCS.
Cadastro de empresas de segurança
A segurança vai ser o assunto principal da próxima reunião do Conselho Comunitário que reúne moradores e representantes do poder público da região. Uma das sugestões que Castrinho pretende implementadas nos próximos meses é o cadastro de todas as empresas de seguranças que atuam nos condomínios da região no batalhão da área.
A mobilização é também uma resposta ao avanço dos índices da violência na região. Nos últimos três meses, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve aumento em seis modalidades de crimes.
Os roubos de carros dispararam com quase 50% de aumento. Foram 65 ocorrências a mais que no mesmo período do ano passado.
Para o presidente do 31º CCS uma consequência da ocupação pela polícia de favelas da Zona Sul do Rio.
— Eles (os bandidos) não estão podendo vender drogas na Zona Sul, em favelas como o Santa Marta, e estão migrando para cá para cometer roubos — opinou.
* repórter especial AIB – [email protected]
Fonte: AIB