A Polícia Civil resolveu mesmo sufocar os milicianos. Agora, o foco é o bolso dos grupos paramilitares. Um paiol com armas e granadas, que pertencia a Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, dois depósitos de gás e uma grande central de gatonet, foram estourados ontem (16/06) durante a operação Têmis 2. A ação contou com cerca de 340 policiais civis e militares e visa atacar a estrutura financeira da milícia que atua na Zona Oeste do Rio. Também foi apreendida grande quantidade de equipamentos eletrônicos. A segunda etapa da operação Têmis tem por objetivo coibir o comércio ilegal de gás; o transporte ilegal de passageiros; o furto de sinal de televisão por assinatura e as atividades comerciais que não cumprem as posturas municipais. A ação deve durar cerca de 30 dias ininterruptos.
No final da tarde, o delegado Ronaldo de Oliveira, diretor do Departamento de Polícia da Capital divulgou o balanço da operação. Na delegacia de Defesa de Serviços Delegados foi autuado em flagrante por furto de água, Marcos da Cunha Macedo. Os agentes estouraram mais dois locais por desvio de água e identificaram os responsáveis. Durante a ação foram estouradas três centrais clandestinas de sinais de TV. Uma na Rua Maranhense, em Campo Grande, de onde eram transmitidos sinais para cerca de 5 mil "assinantes". Outros dois, na Rua Carius, naquele bairro. Em um deles, além da apreensão do material para a transmissão indevida, foram apreendidos uma espingarda calibre 12, uma pistola, uma arma de fogo simulada como muleta, sete granadas e munições para fuzil.
Três depósitos irregulares de venda de botijões de gás foram interditados. Neles foram apreendidos 435 botijões. Seis ferros-velhos que comercializavam peças de procedência duvidosa foram interditados. Valdeci do Nascimento foi preso com 600 DVDs piratas. Foram apreendidos, também, cerca de 200 peças de roupas, 200 pares de chinelos, uma Van, 1.100 CDs falsificados, 250 quilos de carnes impróprias para consumo, vários documentos, um laptop, uma boina e um facão. Na casa de um policial militar procurado pela Justiça, os agentes arrecadaram três coletes, diversas fotografias e fardas da Polícia Militar e do Exército Brasileiro. Também um homem foi autuado por falta de carteira de habilitação, um cobrador de van por extorsão, um por exercício irregular de profissão, outro por violação de interdição e um por portar identidade falsificada. O Detro retirou de circulação 13 vans irregulares. Dez veículos foram lacrados e outros 13 multados. Quarenta e seis veículos foram apreendidos pelo Detran, sendo 17 vans, 13 automóveis e 16 motocicletas.
Natalino e outros seis acusados continuarão presos
E a maré não anda boa mesmo para os milicianos. A juíza Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, manteve a prisão e marcou para o dia 6 de julho, às 11h, o interrogatório do ex-deputado estadual Natalino José Guimarães e de outros cinco acusados de formação de quadrilha. Ontem, ela ouviu os depoimentos de 11 testemunhas de defesa dos réus, denunciados pelo Ministério Público estadual de integrarem a milícia Liga da Justiça, com atuação em Campo Grande, Zona Oeste do Rio. A pedido do Ministério da Justiça, a juíza encerrou a audiência de ontem às 17h30. Ofício encaminhado à sessão, informava que Natalino, seu sobrinho Luciano Guinâncio Guimarães, Fábio Pereira de Oliveira e Móises Pereira Maia Júnior, presos na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, teriam que ser liberados naquele horário. Os demais acusados, Júlio Cesar Pereira da Costa e Rogério Alves de Carvalho, também presentes à audiência, estão presos no Rio.
— Como bem ressaltou o Ministério Público não há neste momento como se afirmar ter ocorrido qualquer alteração na situação fática que possa ensejar a concessão da liberdade provisória, sendo que permanecem presentes os requisitos previstos no artigo 312 do CPP — afirmou a juíza, referindo-se à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.
A juíza também indeferiu o pedido de transferência dos quatro acusados para o Rio. Segundo a defesa, eles estariam sofrendo constrangimentos, uma vez que reportagem jornalística teria divulgado que agentes penitenciários do presídio de segurança máxima de Campo Grande teriam gravado, ilegalmente, visitas íntimas de presos.
— A reportagem dos jornais juntada nesta data de forma isolada não ampara o referido requerimento. Ademais, como bem ressaltou o MP pela leitura da mesma, constata-se que eventual registro dos encontros teria ocorrido no ano passado e a busca e apreensão realizada em dezembro de 2008, razão pela qual nada indica que os mesmos estejam sendo submetidos a qualquer tipo de constrangimento neste momento — concluiu.
Fonte: Da redação