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Tecnologia auxilia ascensão social de jovens

Nos últimos anos, empresas de todo o mundo têm cada vez mais se dedicado não apenas a vender produtos e obter lucro, mas também, a desenvolver ou apoiar projetos sociais. No Brasil, a prática já vem se difundindo nos mais variados pontos do País. Entre as diversas iniciativas na cidade do Rio de Janeiro, um exemplo vem sendo desenvolvido pela empresa Logical Systems.

Por meio de um software para contagem de estoques que apresenta características inovadoras em relação aos similares disponíveis no mercado, o projeto dá oportunidade para jovens de comunidades carentes se tornarem inventariantes ou mesmo microempresários. O projeto conta com o apoio do edital Rio Inovação da FAPERJ, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

Iniciado em 2007, o projeto passou a contar com apoio da FAPERJ a partir de 2009 quando, com a parceria firmada entre as Organizações Não-Governamentais (Ongs) Associação Patrulha Jovem do Rio (Apar), Rede de Desenvolvimento da Maré (Redes) e Círculo dos Amigos do Menino Patrulheiro do Morro da Mangueira (Camp Mangueira), a empresa fluminense recrutou dez jovens desempregados, com mais de 18 anos, de comunidades carentes, para trabalharem.

– Treinamos em torno de cem jovens ligados a essas ONGs e selecionamos dez para formar nossa equipe de contadores, que reúne ainda três supervisores e dois analistas de sistema – explica Sérgio Chamone, mestre em Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e diretor-presidente da Logical Systems.

– Uma vez treinados e selecionados, os jovens realizarão, junto com os supervisores, a contagem de estoques dos clientes por meio de um aparelho coletor de dados munido do software E-count, que foi desenvolvido para esse fim – acrescenta.

O sistema apresenta uma série de vantagens em relação a seus similares. Enquanto os outros apenas leem os códigos de barras aplicados nos produtos, o E-count lê os códigos e ainda apresenta uma descrição do produto.

– Isso evita o erro comum que acontece quando um produto está com o código trocado colado em sua superfície, pois os softwares disponíveis no mercado decodificam as etiquetas, porém não descrevem a mercadoria – explica Chamone.

A metodologia de trabalho embutida no software é outro ponto que merece destaque, pois permite a contagem e a recontagem, aumentando a acuracidade do resultado. Desta forma, o E-count permite que os relatórios possam ser detalhados e customizados com informações, como o volume de itens comprados, vendidos e existentes no estoque.

– Além disso, outro desenvolvimento extra no software possibilita uma série de vantagens, que podem ser usadas na área médica, com informações como número de lote, data de validade, código e descrição do produto – complementa.

A Logical Systems oferece o serviço do projeto Conte Conosco para sua carteira de clientes que consiste em mais de cinquenta lojas, distribuidoras e supermercados na Região Metropolitana, Baixada Fluminense e todo o estado do Rio. Sérgio Chamone destaca que aqueles que requisitam o serviço de contagem de estoques oferecido pela empresa, não apenas contratam uma tecnologia de ponta na área, mas um projeto que oferece emprego e ascensão social para jovens desempregados que moram em comunidades carentes.

Com apoio da pesquisadora e professora do Instituto de Administração e Gerência da PUC, Teresia Diana Lewe van Aduard de Macedo-Soares, especialista em gestão do conhecimento e construção de redes sociais, foi montado o projeto de 18 meses para formar os jovens na atividade de contagem.

– Diana, que também é presidente do Conselho de Administração da nossa empresa, nos ajudou na preparação dos manuais de trabalho e também prestando consultoria em logística e negócios no treinamento da equipe – explica Chamone.

– Após o fim do projeto esperamos que pelo menos um dos nossos alunos se transforme em microempresário na atividade de contagem ou em outra que lhe interesse. Para isso, iremos lhe dar consultoria para a montagem do negócio deste nosso então ex-colaborador – complementa.

Um dos supervisores do projeto, Fabiano Santos Lima, 25 anos, casado, e pai de um filho de dois anos é um exemplo de como a empresa vem investindo na ascensão social de seus funcionários. Quando entrou na empresa, trabalhava como office-boy e nos finais de semana trabalhava como inventariante para complementar sua renda. Desta forma, quando foi elaborado o Conte Conosco ele se preparou para ser supervisor da nova empreitada.

– Hoje, sei lidar com uma nova tecnologia, trabalhar em grupo, coordenar uma equipe, aprendo com a realidade destes jovens moradores de áreas carentes e ainda tenho que orientá-los, pois sou um exemplo para eles – explica Fabiano.

Além disso, o diretor presidente da Logical Systems complementa que todos os funcionários da empresa apóiam o projeto Uerê – que oferece reforço escolar e atividades para crianças e jovens entre quatro e 18 anos moradores de comunidades carentes vítimas de traumas causados por viverem em áreas de extrema pobreza e violência – por meio do apadrinhamento de suas crianças.

Já os jovens inventariantes Gilberto, 20 anos, morador da comunidade Nova Holanda, no Bairro Maré e Rodrigo, 19, morador de uma comunidade em Anchieta, são exemplos de como o Conte Conosco representa uma nova oportunidade para o futuro deles. Ambos destacam que antes de entrarem no projeto estavam desempregados e sem muitas perspectivas.

– Nós só pensávamos em jogar bola e soltar pipa, não tínhamos muitas responsabilidades. Hoje buscamos um futuro melhor, estudar e quem sabe crescer neste trabalho e mesmo dentro daqui da empresa – explicam os jovens.

– Além disso, grande parte dos nossos amigos foram seduzidos pela vida fácil, breve e ilusória do crime. Hoje eles nos veem trabalhando, tentamos convencê-los a sair desta vida, mas é difícil. Mas o que importa é que não nos deixamos levar por este caminho ilusório e vamos escrever um outro futuro em nossas vidas 0 completam.

A contagem de estoques é prática comum e obrigatória em lojas, supermercados e estabelecimentos comerciais. Porém, quando feita manualmente e pelos próprios trabalhadores do local há a necessidade de ser feita fora do horário normal de trabalho, o que demanda o pagamento de hora-extra e lanche dos funcionários do local.

– Assim, o custo desta tarefa chega a custar pelo menos 15% mais que a contagem eletrônica que fazemos", explica o diretor presidente da Logical Systems.

– Além disso, a contagem manual feita pelos próprios empregados do estabelecimento está sujeita a divergências eventuais por força de possíveis fraudes e descontroles.
 
 

Fonte: Por Ascom da Faperj