Com o objetivo de fomentar a agroecologia e apoiar a adaptação de práticas de manejo sustentável, as Unidades de Pesquisa Participativa, realizadas pelo Programa Rio Rural (Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro), têm auxiliado no desenvolvimento de pequenos produtores fluminenses. Executadas pela Pesagro-Rio, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, as pesquisas ajustam tecnologias sustentáveis às condições socioeconômicas e ambientais dos agricultores familiares, que participam de todas as etapas do processo.
Os núcleos de pesquisa – que atuam desde 2008 – fornecem acesso a tecnologias sustentáveis e metodologias agrícolas diversificadas, a partir de demandas das comunidades, que incluem técnicas de cultivo protegido em estufa, mandalas adaptadas, pastoreio rotacionado, recuperação de áreas degradadas, produção de biofertilizantes, manejo sanitário preventivo de rebanho leiteiro, incrementação de fruticultura, entre outras. Atualmente, existem 17 pesquisas em andamento, distribuídas em onze municípios: Itaocara, Quissamã, São João da Barra, Nova Friburgo, Mangaratiba, Itaguaí, Magé, Bom Jardim, Duas Barras, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.
Em São João da Barra, no Norte Fluminense, há uma unidade de pesquisa na propriedade do agricultor Sebastião Ranguel, de 45 anos, que o auxiliou na implantação de um sistema de cultivo conhecido como “mandala adaptada”, em que o plantio é feito em círculos, com alternância de culturas e um minhocário no centro, para produção de húmus. Com o apoio do programa estadual, o produtor também passou a produzir Agrobio, um fertilizante natural desenvolvido pela Pesagro-Rio, feito à base de leite, esterco, urina de vaca, melaço de cana-de-açúcar e sais minerais.
“Fiquei feliz com o resultado do Agrobio e da mandala. Com a unidade, temos acesso mais fácil às tecnologias, o que é melhor para mim, para os consumidores e o meio ambiente – disse Sebastião, que trabalha com a filha e a mulher na propriedade rural e, além do fertilizante, produz alface, cheiro, verde, repolho, pimentão, beterraba, e outros vegetais”.
No mesmo município, o pequeno produtor Elias de Almeida, de 42 anos, também contou com a ajuda de uma unidade de pesquisa participativa para implementar um modelo de cultivo protegido em estufa. Antes da iniciativa, não conseguia produzir hortaliças em seu terreno arenoso. Agora, cultiva e vende para o restaurante do Porto Açu:
“Antes do projeto, a gente só conseguia colher maxixe, quiabo e abacaxi. Agora, com a estufa, colho o que nunca colhi aqui”, afirmou o agricultor, cuja principal produção atual é de alface.
Para o engenheiro agrônomo, José Márcio Ferreira – pesquisador da Pesagro-Rio e responsável pelo Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural no Norte Fluminense – a aplicação de técnicas como cultivo protegido e mandala, auxilia na diversificação da produção agrícola familiar.
“As tecnologias difundidas pelas Unidades de Pesquisa Participativa, como o uso de estufas e mandalas, permitem que a produção agrícola ocorra o ano todo e ainda diversificam os tipos de cultura, protegendo o solo e aumentando lucro dos produtores familiares. O consumidor também se beneficia, pois tem acesso a verduras e legumes mais saudáveis, que são cultivados sem uso de adubos químicos”, explicou José Márcio.
Já o coordenador geral do Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural, Luiz Antônio Antunes de Oliveira, destacou a importância do projeto para impulsionar a agroecologia no estado:
“O foco da iniciativa é impulsionar a agroecologia, dando suporte aos pequenos produtores rurais para que aprimorem suas técnicas de cultivo, melhorem a produção e se desenvolvam de forma sustentável, protegendo o meio ambiente e os recursos naturais”, explicou Luiz Antônio.
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