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Visitas teatralizadas mostram Palácio da Justiça do Rio

Visita-teatralizadaJá imaginou ser recebido na entrada pela deusa grega da Justiça, Têmis, e ser guiado, em seguida, em uma visita pelo interior do antigo Palácio da Justiça do Rio de Janeiro pelo jurista, diplomata, político e escritor Ruy Barbosa? Pois é o que ocorre durante o programa Por Dentro do Palácio, promovido pelo Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio (CCPJ-Rio), em uma iniciativa idealizada pela diretora da instituição, Silvia Monte, e que se repetiu hoje (30), pela terceira vez este ano.

 

 

Para o advogado Rogério Trindade, que aproveitou o final das férias para levar os filhos e um amigo deles para participar da visita teatralizada, o momento foi enriquecedor. “Aproveitar o final das férias para enriquecer um pouco mais a minha cultura e a deles, com um tema que é do meu interesse e que gostaria que fosse do interesse deles também”.

 

 

As visitas teatralizadas ocorrem desde 2011 e atenderam a mais de 7 mil pessoas. Somente no ano passado, foram feitas 65 sessões, das quais 26 foram abertas ao público, 29 foram visitas agendadas para escolas públicas e dez foram visitas agendadas para grupos especiais, com a participação de 1.753 visitantes.

 

 

A responsável pela divulgação do programa, Ana Cohen, disse à Agência Brasil que a ideia foi aproveitar o espaço reformado e criar um passeio pelo prédio histórico, inaugurado em 1926, para que as pessoas possam conhecer o local onde foi promulgado o Código Criminal de 1940, em solenidade que teve a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas.

 

 

“Vários júris importantes foram feitos aqui”, disse Ana, destacando os julgamentos dos casos Ângela Diniz e Tim Lopes, entre outros. A socialite Ângela Maria Fernandes Diniz foi assassinada em 1976 no município fluminense de Armação dos Búzios, por seu companheiro, Raul Fernandes do Amaral Street, mais conhecido como Doca Street, em um crime que chocou a sociedade da época. Já o jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, notabilizou-se por suas matérias investigativas. Foi morto por traficantes, no Rio, em 2002.

 

A ideia das visitas teatralizadas foi aproveitar o espaço reformado e criar um passeio pelo prédio histórico, inaugurado em 1926.

 

Ana Cohen explicou que, inicialmente, o programa pensou em usar a personagem de um jurista famoso acompanhando as pessoas dentro do Palácio da Justiça para elas conhecerem as instalações. Em um segundo momento chegou-se à conclusão que era necessária também uma figura feminina com o mesmo objetivo. “Foi quando surgiu a deusa Têmis, que começou a fazer o mesmo tipo de visita, mas em um contexto diferente, abordando mais a questão da mitologia, da ética na Justiça, das formulações que são pensadas a partir da questão da Justiça em si”.

 

 

No ano passado, a direção do CCPJ-Rio decidiu juntar as duas personagens. “É uma coisa que está dando muito certo, porque os textos se complementam. São duas personalidades ligadas ao judiciário. Tem sido um sucesso”, reiterou Ana. Para o ator Eduardo Diaz, que encarna o jurista Ruy Barbosa há quase quatro anos, o contato direto com o público é “muito forte”. Ele destacou que também em termos de cidadania, o resultado é positivo. “Perceber o quão é importante entrar na casa da Justiça e poder cobrar também, saber como as coisas estão acontecendo. É um lugar de livre acesso para qualquer cidadão. E não é todo mundo que sabe que pode ir ao Tribunal do Júri”, disse o ator.

 

 

O programa agenda visitas para escolas das redes municipal e estadual de ensino, além de universidades. O passeio guiado tem duração entre 50 minutos e uma hora e é gratuito. Ana Cohen disse que a resposta dos visitantes é positiva. “Porque atende a todos os públicos, de todas as faixas etárias. Crianças gostam, as pessoas de idade também”.

 

 

A participação e a interatividade são diferenciais do programa. Por meio desses elementos, o público tem oportunidade, por exemplo, de sentar na cadeira do juiz, no Tribunal do Júri, mesmo que por poucos instantes. Gabriel Freitas, de 13 anos, passou hoje por essa experiência. Brincando, pediu: “Silêncio no Tribunal”. Gabriel disse que gostou da experiência, mas não gostaria de repeti-la no futuro. “É muita responsabilidade para mim”, respondeu.

 

 

O passeio se inicia nas escadarias do antigo Palácio da Justiça, onde o público é recebido pela deusa Têmis. Dali, a comitiva segue para o Salão dos Bustos, ou Salão dos Passos Perdidos, assim denominado porque era o espaço onde advogados, jornalistas, parentes e curiosos se reuniam nos intervalos dos julgamentos. Ali, surge o jurista Ruy Barbosa, que se incorpora ao grupo, levando-o ao salão histórico do Primeiro Tribunal do Júri, no segundo pavimento. Os visitantes vão ainda ao terceiro andar, onde funcionava o Tribunal Pleno, e encerram a visita no pátio interno do edifício, no andar térreo. “Tem bastante coisa para ver. O prédio tem arquitetura eclética. Foi construído para ser uma parte do Judiciário”, salientou Ana Cohen.

 

 

O texto e direção das personagens deusa Têmis e Ruy Barbosa são de autoria de Claudio Castro Filho e Rafael Ribeiro, respectivamente. A visitação é limitada a 40 pessoas, por sessão. O CCPJ-Rio iniciou suas atividade em 2010. Este ano, foram promovidas duas visitas teatralizadas nos dias 23 e 25 deste mês.

 

Agência Brasil